Edição Julho | Parêntese

Você vai sentir falta do frio?

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Você vai sentir falta do frio? Marcela Bonfim, série "Amazônias: Madeira de Dentro. Madeira de Fora."

Parece ironia que enquanto preparávamos o lançamento da primeira edição mensal da Parêntese, com foco na emergência climática, o Rio Grande do Sul tenha sido atingido por um temporal devastador. Porto Alegre, sua região metropolitana e o litoral norte viram inúmeras casas serem inundadas, soterradas e destruídas; incontáveis árvores caídas; estradas interrompidas; dias sem energia elétrica e sem abastecimento de água; pessoas desabrigadas, desaparecidas e 16 mortos. Foi grave. É grave. E o que é mais assustador, como veremos nos textos que compõem essa edição, é que isso é uma tendência: teremos cada vez mais eventos climáticos extremos como consequência das mudanças atmosféricas. 

Além do ciclone extratropical, tivemos também a entrada do inverno, depois de um outono relativamente ameno. Nas primeiras semanas da chegada da estação, teoricamente mais fria do ano, os termômetros prometeram – e cumpriram – máximas de 24oC a 27oC. Dias de calor abafado em pleno mês de junho. Para nós, do sul, essas temperaturas não combinam nem com outono, muito menos com inverno.

Então, a pergunta que norteia essa edição é perfeitamente adequada, talvez só precisasse de um ajuste de tempo verbal. Ao invés de você vai sentir falta do frio? seria melhor perguntar de uma vez: você está sentindo falta do frio?  

Vivemos um tempo de mudanças, na Terra e também na Parêntese. 

Sobre as alterações do clima e seus reflexos na superfície terrestre, nos oceanos, nas massas de gelo e na floresta, sobre o frio extremo e o calor insuportável, sobre as relações com o meio ambiente e suas repercussões na literatura, na arte e na cultura tratam os textos aqui reunidos. 

Já nesse editorial, que abre a Parêntese #181, trago para vocês, leitoras e leitores, o resultado de mudanças que colocamos em marcha há alguns meses e hoje se materializam. A partir de agora, a revista passa a ter uma edição mensal, conduzida por uma pergunta que nos parece pertinente dentro do cenário contemporâneo e que questiona coisas latentes que gostaríamos de iluminar. Resolvemos embasar cada número a partir de uma pergunta justamente para manter um caráter essencial da Parêntese até aqui – mérito do seu criador e até então editor-chefe, o professor Luís Augusto Fischer, de quem agora tenho a honra de receber a incubêmbia de conduzir a revista daqui para frente –, que é transitar tanto entre saberes acadêmicos e científicos, quanto entre a liberdade poética e a sensibilidade da criação artística e literária. 

Com uma pergunta podemos interrogar tanto filósofos, cientistas, físicos, químicos, engenheiros, historiadores e médicos quanto escritores, atores, artistas, críticos, poetas, cineastas, músicos, urbanistas e tantos outros. Cada um responderá a questão à sua maneira e – apostamos –, trarão contribuições relevantes para uma discussão e um entendimento dos fatos de forma plural, abrindo espaço para a construção do pensamento crítico e sensível.  

Assim, a Parêntese muda de formato, sem mudar aquilo que é essencial em sua criação e que a trouxe até aqui, em 180 edições ininterruptas. Seguimos iluminando o pensamento, procurando a cultura como caminho para compreender os acontecimentos do mundo, como alimento para alma, como forma de criar diálogos com o diferente e compreender que vivemos em um mundo grande, vasto e diverso. Precisamos cuidar dele para seguirmos fazendo perguntas.

Boa leitura! 

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