Gelo, de Anna Kavan
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Se “Gelo” (1967) fosse apresentado em forma de boletim meteorológico, o informe diria que a temperatura desse romance está sempre abaixo dos 0°C, com ventos acima dos 60 km/h, em todas as direções. O mar está próximo desse livro, embora quase que inteiramente coberto de superfícies glaciais.
Último romance de Anna Kavan (1901-1968) publicado antes de sua morte – traduzido e publicado no Brasil pela Fósforo Editora (2022) –, foi o culminar de uma trajetória artística que levou a escritora britânica do realismo convencional para algo estranho e difícil de categorizar. Distopia congelante do pós-guerra, apresenta a busca obsessiva do narrador por uma jovem em um mundo fraturado, ameaçado por desastres e destruições sucessivas: uma guerra global está sendo travada à medida em que se inicia uma espécie de “nova era do gelo”, gradualmente cobrindo a superfície da Terra e provocando mortes e uma crise social generalizada.