Edição Julho

O frio vai acabar?

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O frio vai acabar?

Sempre tive medo do fim e do frio. Para mim, são sinônimos até. Não estou entre aqueles que gostam do frio para um fim de semana com lareira acesa e vinho tinto. Também não acho que se fique mais elegante no inverno. Nesta minha já não tão curta existência, tenho lido e ouvido muitas teorias sobre o fim e o frio. Francis Fukuyama – que fim levou? – decretou o fim da história. A principal interessada não ficou sabendo. Meu amigo Jean Baudrillard, um dos filósofos mais geniais e irônicos do seu tempo, escreveu um belo livro intitulado “As ilusões do fim”. Fim rima com morte. Os teóricos literários estruturalistas anunciaram nos anos 1960 a morte do autor. O leitor jamais foi informado ou não deu a menor bola para essa importante notícia. Hoje, quando todos são autores, inclusive eu, talvez seja a obra que morreu. Com o ataque às famosas Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, o jornalismo internacional declarou que o mundo nunca mais seria o mesmo. Era o fim de um tempo. Acabou?

Tenho a impressão de que não mudou tanto assim de lá para cá. O fim está por toda parte. GPT seria o fim do trabalho intelectual. Certo, certo, mas e o frio? Vai acabar? Como? Por obra do aquecimento global. Um dos meus livros prediletos é o “Espião que saiu do frio”, de John Le Carré. Por que falo disso? Para utilizar essa referência literária num texto sobre o frio, ora! Se o frio chegar ao fim, tremo em pensar, sentirei alguma falta dele, mas não muita. Sentirei mais falta dele em função dos efeitos nefastos que o aumento do calor ou o calor eterno provocarão, como o derretimento das geleiras, a elevação do nível dos mares, a devastação da bela Patagônia, onde passamos belos dias com Michel Houellebecq, e a falta de ambiente para saborear um mocotó apimentado. 

[Continua...]

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