Se você vai sentir falta do frio, não deixe de recorrer também aos Tribunais
A emergência climática é uma realidade que veio para ficar. Ela mostra sua força nas recentes inundações severas do sudeste e nordeste brasileiros, nas estiagens extremas do Rio Grande do Sul, assim como nos incêndios florestais sem precedentes no Canadá. Enfrentar o aquecimento do sistema climático é certamente o maior desafio existencial imposto hoje para a humanidade, ainda que se insista em minimizar a gravidade do que se passa.
O desespero em atenuar a realidade é compreensível. Nós somos os culpados. As mudanças climáticas observadas no último século e meio são chamadas de “antropogênicas”, e recebem essa alcunha porque há certeza científica de que foram e são causadas por ações humanas. São as nossas emissões de gases que sobem à atmosfera, espessam a camada gasosa que retém parte da radiação solar, e assim exacerbam o chamado efeito estufa, elevando a temperatura média da superfície. Agora este aumento já é de 1,1ºC acima do chamado período pré-industrial. É o sistema climático em estágio de febre permanente. Um aquecimento que torna mais frequentes, mais intensos e severos os chamados eventos climáticos extremos, sejam ondas de calor, sejam de frio. Para completar, este aumento médio da temperatura piora a gravidade de fenômenos de ocorrência natural, como o El Niño. No início de junho, a chegada do El Niño foi confirmada, e já comunica a ciência que este será o pior de todos já registrados, justamente porque vai ocorrer em um planeta febril.
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