Uma Porto Alegre 3°C mais quente. Imagine só!
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O clima de Porto Alegre não é próprio para a vida humana. Cozinhamos no bafo em janeiro e gelamos até os ossos em julho. A primavera poderia ser agradável, mas o pólen se espalha aos quatro ventos e faz espirrar quem sofre de rinite. O porto-alegrense só tem algum refresco no outono, quando a temperatura ameniza e o sol amadurece as bergamotas, das quais se pode desfrutar lagarteando na Redenção durante o veranico de maio. A umidade relativa do ar na capital habita o patamar de 80% quase o ano todo, dispersando moléculas que ultrapassam até as roupas mais pesadas para se grudar na pele e manter as toalhas molhadas por todo um semestre. É possível sentir falta do frio com um tempo desses?
Quem tem alguma idade talvez esteja sentindo o clima um pouco mais ameno desde 2010, por aí. Excetuando-se alguns dias de fazer inveja a Mossoró, em janeiro, e de uma ou duas semanas enregelantes, em junho, os verões e os invernos em média parecem mais gentis na capital. O belo casaco de feltro impermeável que adquiri numa viagem a Buenos Aires, em 2008, coitado, só teve oportunidade de passear umas duas ou três vezes na última década. Porém, a vivência pessoal é um péssimo oráculo do clima. A escala de tempo da Terra é inapreensível para nós e, dentro dela, a última década é um segundo.
[Continua...]