A verdade não-dita da lei não-escrita
Múltiplas desgraças desviam o Brasil de seu destino prometido, a cada vez que parece ao alcance da mão. As desgraças vestem roupagens chamativas no esforço de se diferenciarem, mas se emendam em sequência como capítulo de uma história triste, quer dizer tragédia. Algo impede o Brasil de dar certo e tem a ver com o que ouvimos, vemos ou lemos, pelo que nos dizem ou escondem. Há muito o que desconfiar.
O que aparenta ser peculiar não passa de característica comum a todas as desgraças, de servirem de barriga de aluguel das 1001 artimanhas da desigualdade social. Distingue-se entre si apenas na intensidade política em que acontecem, específica de sua conjuntura.
Elas se manifestam quase sempre em consequência do choque de dois movimentos subjetivos subterrâneos, até então desapercebidos, o das leis não-escritas e o das verdades não-ditas. O resultado é um tremor político assustador, com reflexos inevitáveis no modo de vida de todos. Para pior, em relação à maioria das pessoas.
A lei não–escrita da desigualdade social, a mais forte, governa o país acima e contra a Constituição, em proveito dos privilégios de uma minoria. A lei da verdade não–dita se encarrega de ocultar as causas da lei não–escrita e seus efeitos nefastos. Por acaso alguém já leu em jornal que o Brasil é um país rico? Racista? Violento? E assim por diante…
[Continua...]