Ensaio

Dez álbuns da atual canção latino-americana – Primeira parte

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Dez álbuns da atual canção latino-americana – Primeira parte
A canção na América Latina vive tempos de franca efervescência. No último ano, um dos compositores que mais persegue a combinação perfeita entre letra e melodia consagrou-se mais uma vez no prêmio Grammy Latino, superando cumbieros e popeiros. O uruguaio Jorge Drexler, que também lidera a nossa lista, lançou o 14º álbum da carreira, “Tinta y Tiempo”, conquistando público mundo afora e recebendo elogios da crítica pela excelência na combinação dos elementos básicos da canção e na coleção de um conjunto delas em um disco conceitual. Sua escola contemporânea da canção de autor vem influenciando mais de uma geração de artistas em todo o continente. Aqui nesta lista de 10 destacam-se também outros nomes que lançaram trabalhos novos e podem ser considerados consolidados na cena, como o argentino Kevin Johansen e a mexicana Natalia Lafourcade (aliás, uns participam dos discos dos outros). Em meio a esses de que no mínimo já ouvimos falar, há grandes desconhecidos do público brasileiro, como o chileno Nano Stern, a colombiana Marta Gómez e a porto-riquenha iLe. Chama atenção a quantidade de regravações presentes nos álbuns desta safra recente, o que não compromete a originalidade. Também há novidades, como a jovem nicaraguense Ceshia Ubau e a argentina Noelia Recalde, e muitos discos de releituras que superam as versões originais, a exemplo do uruguaio Gonzalo Deniz (ex-Franny Glass) e do chileno Manuel García, devoto declarado de Victor Jara. Após as resenhas dos 10 álbuns mais interessantes de 2022, dentro do espectro particular da canção de autor, confira mais uma seleção de 20 títulos que vale a pena escutar também. 1 – Tinta y Tiempo – Jorge Drexler Gênero musical: “buena onda”. Jorge Drexler está fundando algo que ainda não é possível definir exatamente. Com muita tinta, o tempo dirá. Os elementos do título deste novo álbum levam a pensar sobre aquele pergaminho de priscas eras, que era reutilizado, tendo a tinta das inscrições raspada para dar lugar a novos textos: o palimpsesto. No entanto, essa reciclagem artesanal era incapaz de esconder completamente os traços que se acumulavam. Assim, no sentido figurado, entenderemos por palimpsestos as derivações de obras musicais, por gestos de reutilização e transformação. Já com uma linguagem tecno musical, diríamos que o uruguaio faz um sampler orgânico. A participação do eclético rapper pop espanhol C. Tangana marca bem este movimento. Na premiada canção “Tocarte”, vozes e instrumentos acústicos evocam ritmos urbanos, outrora chamados no Uruguai de música beat (quando a batida de baixo e bateria é soberana na dinâmica, determinando o estado de espírito das canções que vão rodar no rádio). Com o desenvolvimento tecnológico, esses sons vão ser sintetizados, tornando-se uma batida eletrônica. No álbum “Tinta y Tiempo”, a sampleada é evidente na primeira faixa, quando entra Rubén Blades. Muda até o ritmo da música, muda o arranjo, mudam os instrumentos, muda a voz, porque é o panamenho que canta. Parece uma colagem no meio da música, pontuada pelo charango. Bonito de se ouvir. Em outras, os samplers remetem a sonoridades familiares, a […]

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