Entrevista

Bruna Rodrigues é a prova de que o Brasil pode dar certo

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Bruna Rodrigues é a prova de que o Brasil pode dar certo Bruna Rodrigues foi a mulher negra mais votada para a Assembleia gaúcha em 2022 | Reprodução

Bruna Rodrigues, 35 anos, foi a deputada negra mais votada do Rio Grande do Sul nas últimas eleições, quando ultrapassou a marca de 50 mil votos. Desde cedo ela precisou ir à luta para garantir sua sobrevivência e ajudar sua família. Filha de garis, nascida e criada na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, é mãe de uma jovem que completou 18 anos, feminista, antirracista, filha de Oxum e universitária, depois de cinco tentativas do vestibular.

Começou cedo na política, quando cobrou da então vereadora Manuela D’Ávila uma vaga na creche para sua filha na Cruzeiro. Depois vieram as obras da Copa do Mundo em Porto alegre, que derrubaram a casa da sua família na Avenida Tronco e o por fim o fechamento do posto de saúde na Vila Cruzeiro, onde mora. Entrou para o PC do B com 16 anos, foi assessora da Jussara Cony e da Manuela D’Ávila, e é presidenta do PCdoB em Porto Alegre. Antes de entrar na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, elegeu-se vereadora na capital. Na Câmara Municipal, pautou seu trabalho pelo aumento de vagas nas creches, mais recursos do orçamento para o combate a pobreza menstrual, a política de combate a fome e insegurança alimentar e o combate sem tréguas contra o racismo e a violência contra as mulheres, entre outros projetos.

Bruna sempre se emociona quando fala das políticas públicas de inclusão social. “Eu não teria chegado até aqui, nem seria quem eu sou sem o apoio da minha mãe e das políticas de inclusão que me beneficiaram. Eu sou cria destas políticas sociais”, afirma. 

Ela conseguiu transformar sua experiência pessoal em militância para implantação de políticas públicas que possam servir a toda população. Entre as suas propostas na Assembleia Legislativa estão a criação da rota do samba, a implementação de creches públicas, o apoio aos órfãos, além da batalha permanente pela escola de turno integral, a merenda escolar, garantir a permanência de professores nas escolas, as pautas contra o racismo estrutural e o trabalho para motivar os jovens a terem maior participação na vida politica do país.

Nos rostos estampados no Muro da Mauá, zona central de Porto Alegre, pelo projeto “Persona – gente do Muro” destacando personagens importantes da capital dos gaúchos está a foto da sua mãe, Virgínia Terezinha da Silva, gari do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), um exemplo de superação. Para Bruna e seus quatro irmãos, “um símbolo de força que, em meio a tantas dificuldades, ensinou aos filhos que ninguém deve desistir dos seus sonhos”. 

Muito falante e bem humorada, anda sempre correndo e tem um compromisso atrás do outro. Para ela o dia precisaria ter 48 horas, no mínimo, para dar conta seus múltiplos afazeres agendados cotidianamente. Foram 187 anos sem a presença das mulheres negras no parlamento gaúcho. Bruna Rodrigues é a prova de que o Brasil pode dar certo. Precisamos combater o racismo estrutural, ampliar a participação das mulheres na sociedade e implementar políticas sociais que tirem a maioria do povo da pobreza e do subdesenvolvimento.

Nesta entrevista exclusiva da deputada estadual Bruna Rodrigues, concedida nos estúdios da Cubo Filmes à revista Parêntese, ela fala da sua infância, da pobreza, da sua formação política, da sua militância, do feminismo, do racismo e de vários outros assuntos que estão na ordem do dia da nossa política local e nacional. O encontro contou a participação da editora-chefe do grupo Matinal, Marcela Donini, do editor da revista Parêntese, Luís Augusto Fischer, e do jornalista e produtor cultural Carlos Caramez.  A seguir, você confere a íntegra da entrevista.

(Texto de apresentação por Carlos Caramez)

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