Entrevista

Fernanda Bastos: sempre fui cdf

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Fernanda Bastos:  sempre fui cdf Fernanda Bastos (esquerda) com Sueli Carneiro, na abertura da FestiPoa Literaria em 2019 (Foto: Alass Derivas)

Toda vez que a gente mudava de cidade meu pai falava a mesma coisa: “Não chora que daqui a pouco tu faz novos amigos”. A minha mãe sempre advertiu: “Não conta tua história pra qualquer um, ela é tudo o que a gente tem”. Eu cresci entre o paradoxo da carência de companhia e a cautela de guardar o passado.

A Fernanda Bastos poderia ter sido uma amiga minha de infância. Desde a primeira vez que a vi sinto alguma coisa sem nome e antiga. Ela não é mais criança, e por isso soube, entre a vontade de entrega e a sabedoria de quem trabalha com a palavra, usar de generosidade ao nos dar esta entrevista.

Conversamos por e-mails e mensagens de WhatsApp, e o resultado é este convite ao amor e respeito pela escrita.

(Nathallia Protazio)


Parêntese – Fernanda, o fato de tu não teres escritores na família não impediu de tu te tornares poeta. Ouvi falar no teu avô, Sérgio Renato Machado Bastos, um homem bastante ligado à produção artística, e tua mãe, que é uma grande leitora e também escreve, apesar de nunca ter publicado. Conta um pouco da tua infância, tua relação com a tua família, com a cidade.

Fernanda – Podia começar brincando que, se não tinha autor publicado na minha família, isso foi resolvido quando me casei com o Luiz Mauricio, que publica desde 1999, e ama edição. Ele cobre essa falha minha também. Mas, falando sério, e pensando na minha formação, eu valorizo mais a existência de leitores na minha família, porque acho que o maior patrimônio que meu avó Sergio, minha avó Aluisia Carneiro e minha mãe Silvana Bastos deixaram para mim foi a capacidade de apreciar a literatura, de tê-la como um tema de interesse, de respeitar a função dos artistas e de viver momentos de fruição. O amor e a dedicação do meu avô para produzir um enredo e pensar como as escolas de samba podiam contar uma história foi tão importante para mim como influência quanto seria ter um escritor publicado na família, sobretudo porque amo esses intercâmbios de linguagens artísticas. Meus avós me ensinaram o benefício da fruição, e isso é mais transformador para mim do que escrever e publicar, porque essas são consequências do ato de ler, que é soberano. Com relação à minha cidade, escrevo bastante sobre Porto Alegre, e vejo a cidade em tudo que produzo. Muitos poemas localizam a minha escrita de onde eu venho, uma das áreas pouco frequentadas na nossa literatura, como o Extremo Sul. Minha avó morou por muito tempo na região do Lami, que aparece em um poema intitulado com esse nome exatamente porque é um local que representa para mim amor. Adoro o Centro Histórico, onde vivo hoje. Mas me criei na Zona Sul, e é nesse eixo que se constitui meu mundo de porto-alegrense, principalmente entre Centro e a Zona Sul. O bairro Camaquã, onde cresci, passou por uma gentrificação. Meu avô Orlando Silva foi um líder comunitário que lutou muito pela comunidade, mas foi expulso de lá, naquela mudança em que quem vivia nas vilas do entorno do shopping acabava sendo enviado para o Campo Novo. Eu fui criada nesse espírito de cidade pequena, com vizinho recebendo carta para o outro — porque os Correios não entravam em beco —, com a família da vizinha indo cumprimentar no Natal, com a tradição da capelinha sendo levada de casa em casa. Depois vi, por meio da vida do meu avô, a higienização de um bairro acontecer. Assim se esvazia uma luta comunitária, espalhando a população por aí, ao distribuir as migalhas de atenção que o governo de vez em quando oferece, enquanto do outro lado a iniciativa privada, bajulada e bajulante, realiza seus planos de expansão e edificação de uma cidade pensada só para benefício próprio. Venho de uma família que vivenciou todos esses processos que marcam a vida negra em Porto Alegre — quiçá no país. Porto Alegre nunca foi um idílio, mas é onde construímos o que temos, e tenho orgulho das pessoas daqui, são batalhadoras. Quem mora na Zona Sul, por exemplo, especialmente no Extremo Sul, pode ter de viajar mais de uma hora para ir estudar e trabalhar, no frio, com uma paisagem hostil. Sei que existe uma Porto Alegre herdeira, carnista, atrasada, brega, rançosa, anti-intelectual, anti-metrópole, com uma classe política frívola, sem saneamento básico e com transporte público precário. Mas a Porto Alegre para a qual as pessoas com quem convivo por gosto me ensinaram a olhar é aquela de gente trabalhadora, carnavalesca, altiva, veg e antiespecista, frequentadora de feiras, leitora, ciclista, moderna e amante da cultura independente, o que me inspira orgulho.

P – Você se considera autodidata na escrita pois teve poucas aulas de produção poética e quase nenhuma disciplina que contemplasse a produção literária negra no curso de Letras. Isso foi ruim ou uma vantagem criativa?

F – Seria equivocado eu me considerar autodidata, tendo concluído dois cursos de graduação — em Jornalismo no IPA e Letras – Português na UFRGS — e mestrado em Comunicação, além de uma especialização em História da Arte. Seria injusto com as boas instituições e as boas professoras que tive – e até com as más, que também nos ensinam. A verdade é que sempre fui cdf – acho que nem se utiliza mais esse termo, mas é a definição do que eu sou. Minha mãe sempre me ensinou a não ficar me lamentando devido às limitações dos espaços que eu ocupava. De resto, sempre fui boa de texto, me expressava com facilidade e gostava de dizer as coisas por escrito. As técnicas foram melhorando no caminho, e o curso de Letras foi essencial. Lembro que as pessoas não entendiam por que estava fazendo Letras quando já tinha me formado em Jornalismo, mas eu achava que aquelas aulas de Linguística — nas quais, em várias, tirei minhas piores notas, mesmo me esforçando bastante — e as de Literatura me fariam achar alguma coisa que estava procurando. Eu me sentia desafiada no curso e considero que todo o meu percurso, no qual minhas críticas aos programas estão incluídas, colaboraram para a minha escrita. A poesia vem de antes, porque sempre li e escrevi poesia. Em algum momento ou outro, escrevi alguma coisa em outros gêneros, mas nunca com muita verdade ou interesse. Mantive um blog onde escrevia meus poemas e não achava que tinha de publicar nada, achava que não era necessário, porque já tinha muita coisa boa publicada sem ser lida. Em 2017, quando conheci o Luiz Mauricio e fiz uma oficina de poesia com a Angélica Freitas, comecei a mudar de opinião. O autodidatismo a que me referi, e hoje acho que foi um erro utilizar esse termo, era com relação à literatura negra. E mesmo isso também não é de todo verdade porque me lembro agora que foi por causa da biblioteca da UFRGS que eu tive acesso ao primeiro livro da Toni Morrison que li. Frequentava somente sebos na época da faculdade e neles nunca tinha Morrison para vender. Então a universidade perpassa toda a minha formação e sou tremendamente devedora do que construí graças ao ensino público que frequentei desde pequena até chegar à universidade. E não sinto falta das oficinas literárias, porque não fazer algumas até pode ser um livramento. 

P – Tu já contaste mais de uma vez que o primeiro livro que você leu foi um do Fernando Pessoa que você roubou da tua mãe embora morasse na mesma casa que ela. Maravilhosa esta história! Tu achas que uma escritora rouba da existência para transformar a vida em arte? Como é teu processo criativo?

F – Tenho essa tendência a antropofagizar as coisas das pessoas que amo. Eu brinco que roubei o Fernando Pessoa da minha mãe. Desde adolescente minha mãe trocava livros, porque a grana era curta, e, depois que ela me teve, como chefe de família, precisou economizar ainda mais. Lembro de minha dinda e eu darmos sempre algum livro para ela no Natal. Teve um ano em que ela ganhou “Estorvo”, do Chico Buarque, esse gênio que ela ama. Comprar um livro envolvia uma decisão que cancelava muitos outros itens primordiais, e escolher um autor sinalizava que ali havia grande valor. Vivemos em uma sociedade que não estimula a compra de livros, pois eles são tidos como um objeto menor para os pobres e até um elemento antissocial. Uma vez dava aula para uma menina que me contou que tinha de ler escondida da mãe, porque se a mãe via a filha lendo em casa, ela reclamava que a menina estava deixando de fazer alguma tarefa doméstica e estava se achando melhor que o restante da família, que não tinha o hábito de ler. Ela apanhava se fosse pega lendo, entende? É esse tipo de ideologia anti-intelectual que cerca o livro no Brasil quando você é pobre. Para além do problema central de que o livro é caro, tem a ideologia. Você tem de ganhar o livro do governo — com todos os problemas ideológicos dessas escolhas —, e não é bem visto acumular livros, ter uma biblioteca, porque lembra você de que gastou demais com livros, algo que não é de sua classe. Então eu conto muito essa história, porque se minha mãe não tivesse uma biblioteca com Fernando Pessoa, eu podia ser outra pessoa, bem menos feliz do que sou hoje.

P – Me diz, é possível aprender a escrever? Qual o impacto de ter feito uma oficina de poesia, com Angélica Freitas, na tua escrita? 

F – Penso que se aprende a ter a própria escrita. E é uma realização em progresso, não é de uma hora para outra. É como caligrafia, você treina letra solta, depois emendada, depois no papel com linhas, depois no papel liso para testar a firmeza, você imita a letra de alguém que admira, depois mistura com a sua caligrafia quando está com pressa, que é a instintiva. Um dia você decide o que combina mais com você, e no caso da escrita é a sua voz. Só que a voz da gente é influenciada por muita coisa. Tem uma tia minha que fica sem voz quando se estressa, por exemplo. A voz da gente fica diferente se a gente se descuida, se a gente bebe ou fuma. A escrita é assim também, precisa cuidar, e ela reflete o que fazemos com nosso corpo, nossas decisões. A oficina da Angélica Freitas foi importantíssima para mim, porque ela fomentou vários processos artísticos e também porque me ensinou a dessacralizar o processo de publicação. Não se interessa por essa inutilidade de cravar quais formas são erradas de se fazer poesia, ou de dizer que algum tipo de poesia não é poesia porque isso ou aquilo. Ela incentiva que a gente leia muito outras poetas e ouça o nosso canto, aquele que descobrimos quando nos dedicamos a produzir com verdade e técnica. A Angélica incentiva que a gente produza e publique, seja em livros ou zines ou online, seja da forma que tiver de ser, mas coloque como for o bloco na rua. Ela é uma artista de verdade, daquelas que sustentam uma cultura.

P – Dessa cor (Figura de Linguagem, 2018), teu livro de estreia, e teu segundo título, Eu vou piorar (Figura de Linguagem, 2020): fala um pouco sobre pra nós?

F – O Dessa cor é um livro-projeto, que é explicitamente engajado com a vida da gente negra. A voz poética de Eu vou piorar tenta romper com aquele projeto, indo mais ao cerne dos embates políticos, partindo para a reflexão sobre como nós, pessoas negras e sobretudo mulheres negras, reagimos ao que tentam fazer a gente pensar e produzir. Para mim, assim que saiu, o Dessa cor tinha cumprido uma missão, mas não queria seguir naquele caminho, queria fazer um livro mais aberto, que parecesse um conjunto anárquico de poemas, de modo que não fosse fácil resumir o livro. Quando terminei o Eu vou piorar, perguntei ao meu editor — Luiz Maurício Azevedo — se era um problema que quem gostou de Dessa cor possivelmente fosse se decepcionar com Eu vou piorar, e ele disse que isso seria ótimo. Rimos, porque era isso mesmo. Eu já sabia que as pessoas buscariam um livro parecido, em que desse para ir listando as causas negras a cada poema, e eu não queria mais encarnar aquela voz poética. Eu queria que a experiência daquele livro fosse difícil e desagradável a quem lesse, mas de outra forma estética. Queria sair do coletivo e ir para o eu, para que cada eu-poético fosse um mergulho em algo específico, no cerne, no problema do problema, e assim mergulhar em uma espiral infinita, como é, aliás, a experiência que aquele eu poético estava vivendo. A minha escrita tem eventualmente elementos biográficos, bastante pesquisa em registros históricos e muito delírio. Relatar o cotidiano é o que tento fazer no trabalho como jornalista. Na literatura, quero pensar sobre a verdade sabotada pela aparência das coisas, que são tão ultraprocessadas para que não percebamos mais por que são injustas, violentas ou incomuns.

P – Qual a maior alegria que a tua coluna no literatura RS te trouxe? Algum texto marcante?

F – Gostei do retorno que recebi por um texto que fiz sobre o 20 de Setembro e o 20 de Novembro. Naquela ocasião, a proximidade das datas me fez pensar sobre pertencimento, identidade negra e gaúcha. Teve bastante gente que se identificou. Também achei bacana um texto sobre poesia e política, porque uma autora abertamente engajada como eu é muito mal vista pelos pares. As pessoas tendem a achar que se é apenas uma coisa, ou engajada ou técnica, na poesia então nem se fala. Então gostei de analisar como a poesia pode servir para a propaganda política assim como pode irromper como um gesto de negação ao engessamento de pautas e posturas políticas em democracias como a nossa e a norte-americana. Gosto muito de escrever para o LRS porque o editor, Vitor Diel, me dá liberdade total e abre diálogo. Ele me viu como colunista antes de qualquer pessoa, e teve paciência de esperar que eu encontrasse liberdade para falar do que eu quisesse, sem me preocupar em agradar “a” ou “b”. Sempre abro os e-mails dele com alegria, porque sei que ele vai fazer alguma observação inteligente ou ponderar sobre algum ponto. Como todo bom editor, ele não atua só para aparar problemas textuais, ele interage com o texto e constrói uma relação que melhora os próximos. Além disso, a rede do LRS é aquela de que mais gosto, independente, cuca-fresca, feita com verdade e movida por afeto — isso é extremamente raro nesse meio de egos, ressentimentos e perpetuação de desigualdades.

P – Numa entrevista sobre tua rotina pro Literatura RS, você comentou: ‘‘Chego a ficar alguns ciclos sem escrever poesia, o que me angustia bastante’’. Pra ti escrever é uma necessidade?

F – Sim, por isso fico angustiada quando não consigo escrever. São ciclos que se repetem quando termino um livro. Preciso de um gancho para fazer a imersão no próximo. Essas são as fases mais terríveis para mim, porque sempre acredito que nunca mais vou conseguir escrever de novo. É como se perdesse a voz e tivesse que achar uma nova. 

P – Ano passado, no dia 19 de novembro, eu tive a felicidade de dividir uma conversa contigo mediada pela querida Clarissa Lima pela Secretaria de Cultura do Estado. Primeiro me diz, tu fez um perfil no Tik tok, afinal de contas? E… falando da tua trajetória, que você comentou sobre muitas mulheres que te ajudaram neste processo de se ver escritora, e eu te pergunto: este processo termina? Ou a gente acaba tendo que enfrentar a síndrome da impostora todo dia?

F – Rarará. Ainda não fiz. Eu tenho esse problema de não querer estar em qualquer espaço no qual não veja função para minha existência. Profissionalmente adoro criar conteúdo, mas ando precisando cada vez mais de tempo para escrever poesia. É outra esfera. Sobre as mulheres, são várias, mas listarei as definitivas. Silvana Bastos é o ponto central na minha trajetória. Ela me ensinou a ler texto, do papel às pessoas no mundo. E ela é o meu parâmetro moral. A professora Regina Zilberman é one of a kind como professora e modelo intelectual, e foram em aulas de produção textual dela que entreguei alguns de meus poemas para leitura, como Mãe Preta e Poema de influência — este último inclusive que fiz para ela, no decorrer de uma disciplina sobre José Saramago. Quando você ainda não publicou, é legal ser lido por pessoas cuja análise estética respeita e cuja trajetória profissional você admira. Isso traz confiança. A Angélica Freitas foi importante, porque além da oficina ela é muito generosa, comprou meu livro, já me citou como uma das poetas que ela lê, isso me deixa menos sozinha. Porque, salvo raríssimas exceções, entre os meus pares da poesia não me sinto querida, sei que o meu discurso, a minha postura como editora negra e o tipo de poesia que faço não agradam. Sou um patinho feio no meio. E como dizem, está tudo bem, até porque eu, para além de responsabilizar o racismo e a misoginia, nunca fui uma unanimidade nas rodas, fossem elas de estudantes, jornalistas ou escritoras. Eu espalho rodinhas. Mas o que me interessa mesmo é seguir produzindo sem pensar muito sobre isso. É claro que, quando a solidão fica dura demais, tenho de me apegar ao fato de que poetas que admiro, como Angélica Freitas e Telma Scherer, leram a minha produção de forma generosa. Isso é importante, porque volta e meia você começa a achar que está maluca, e essas pessoas te lembram que você não está falando sozinha. Nesse sentido, a leitura que Sueli Carneiro fez do meu livro, que por si só já seria uma honra, reverberou em forma de responsabilidade e de conscientização do meu papel como poeta. Pois é muito mais amplo que um elogio pensar que, mais de uma vez, Carneiro leu publicamente o meu poema “Mãe Preta”, articulando essa imagem com a produção dela e de outras mulheres negras que admiro, como Djamila Ribeiro. Isso fez com que eu percebesse a responsabilidade da minha produção para a minha coletividade e, ao mesmo tempo, ligasse menos para o ódio e o ressentimento comuns nesse meio, sobretudo quando você recebe um pouco de atenção. É surreal que Carneiro tenha se identificado com algo que escrevi, uma vez que ela influenciou decisivamente o meu pensamento. 

P – Tuas atividades como jornalista, tradutora e editora são bem distintas daquelas como escritora e poeta? Como você sente a influência de estar na chefia de uma editora na tua escrita?

F – Como jornalista, sou parte de uma equipe e sigo diretrizes de trabalho da empresa. Lá eu sou jornalista, não poeta. Idealmente sou todos os ofícios ao mesmo tempo, porque eles me constituem. Mas cada ofício exige demandas técnicas específicas, leva um tempo específico e deve ser pensado para seu público específico. Quando me tornei CEO da editora, deixei de contar com muita simpatia, tanto de pares — porque você começa a contrariar diversas ilusões que eles alimentam —, quanto de outros editores e editoras – porque você é considerada uma competidora e, no caso da Figura de Linguagem, porque muitos colegas de edição se ofenderam com a nossa presença e crítica ao racismo do mercado editorial, mesmo que saiam por aí afirmando-se aliviados com a constatação de que o racismo é estrutural. Na edição, as idealizações perdem espaço. E quando há pouco tempo para se fazer tudo que se quer, o dispensável é combatido. No mais, é trabalho e trabalho, essa é minha rotina com esses ofícios.

P – Você se considera uma pessoa otimista?

F – Não. Felizmente estou rodeada de amor e de pessoas bondosas, que me fazem acreditar em dias melhores e que me ajudam a vivê-los.

P – Quais os planos pra 2022? Onde iremos ver teu trabalho nos próximos meses?F – Estou prestes a lançar um livro novo de poesia. Ele foi concebido há alguns anos, mas de fato produzido em 2021, pensado especialmente para crianças e jovens, mas que também poderá ser lido por adultos. Produzi segundo a proposta da editora, a professora e poeta Ana Elisa Ribeiro, que me convidou para participar da coleção de poesia Madrinha Lua, da editora Peirópolis, em homenagem à escritora Henriqueta Lisboa. O livro celebra o trabalho, a alegria e o orgulho da gente negra da minha cidade que durante o carnaval toma as ruas e se transforma numa entidade ancestral. Felizmente, será lançado nos 250 anos de Porto Alegre, então será uma publicação festiva para mim, cheia de brilho e pretidão. De quebra, ainda homenageio meu avô, que foi um artista nessa arte. O título é Selfie-Purpurina. Seguindo os ensinamentos de Achebe e Morrison, esse é um livro que eu queria ter lido, e é por isso que o escrevi.

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