Entrevista

Nei Duclós – A sonoridade da palavra

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Nei Duclós – A sonoridade da palavra (Foto: Ida Duclós)
Quem lembrou foi o parceiro Carlos Caramez: é outubro de novo. Mês da Feira do Livro (no fim), mês da primavera (desde o começo), mês que está no título do mais famoso livro de Nei Duclós, poeta, jornalista, narrador. Desde que saiu pela primeira vez, em 1976, o livro teve impacto – para a minha geração, para gente mais velha e mais nova. Quando completou 40 anos, ganhou edição comemorativa.  Vivendo em Florianópolis há tempos, alcançamos Nei por email para esta entrevista, breve e focada no livro com nome de mês. Foram as perguntas, vieram as respostas, mais umas imagens e este poema aqui, o poema/mês, “Outubro”, que vem de mais 50 anos atrás e segue interessante: Trago a nova: eu mudolento, e é tudoSinto ser assimpor estações: aos turnosPosso voltarao ponto de partidamas lutoSei que vem outubroFlores, fruta da seivaromperão no mundo(Trabalho duto:sugar de pedrasrasgar os caulescolher ar puro)Lento e brutoeu mudoSei que vemoutubro Vale lembrar que Nei anda passando por uns problemas complicados. “Em março desencadeei uma campanha pro-saúde para enfrentar as despesas de alguns tratamentos. Operei a coluna no ano passado e tive outras complicações. Estou bem melhor mas a campanha continua. Quem quiser colaborar escreva para meu e-mail ou para o Messenger do face”.  Quem quiser falar com o poeta, escreva para [email protected]. Texto: Luís Augusto Fischer Parêntese – De onde saiu o nome do teu excelente livro Outubro, que marcou época quando saiu pela primeira vez, em 1976?  Nei Duclós – Muito cedo abracei a mitologia de outubro por ter nascido no dia 29 desse mês e pela curiosidade despertada por tudo o que se referia a ele. Por ter exercido também muito cedo a vocação pela poesia o que me atraía era a sonoridade da palavra.  Quando em 1968 entrei para o jornalismo da UFRGS descobri a alta poesia sonora de García Lorca, o rigor estético de João Cabral, a radicalidade do Concretismo e da Práxis, além de Drummond, Quintana e Vinicius. Tudo isso me deu instrumentos para criar uma poesia ao mesmo tempo enxuta e afetiva, confessional e épica como Walt Whitman, com poder como em Neruda etc. Assim me desvinculei das escolas literárias que vieram via vida escolar, como o condoreirismo, o parnasianismo, o arcadismo e o simbolismo. Abracei o modernismo e suas dissidências. Mas mantive minha convivência com a poesia de séculos passados. No século 21 me aproximei mais dessas escolas abraçando uma retomada do soneto e da minha paixão, o arcadismo. Capa de Outubro (Reprodução) O clima na época em que escrevi o poema “Outubro”, 1969, era de insurgência contra a ditadura. Fui informado sobre a cultura marxista mas a aproximação ficou confinada a 68. Em 69 eu estava farto da linguagem repetitiva, dos jargões etc. Me tornei independente e somei a herança da bossa nova (que com João Gilberto me revelou a articulação minimalista das palavras) com o rock e sua pressa. A figura-chave para eu expor na praça em 69 o poema Outubro e outros, que geraram em 75 a base do livro, foi o poeta […]

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