Galeria breve

O menos impressionista dos impressionistas?

Change Size Text
O menos impressionista dos impressionistas? Gustave Callebotte. Na ponte da Europa, 1876-77

A expressão que dá título a este texto se refere ao pintor francês Gustave Caillebotte (1848-1894), que foi assim considerado, mais de uma vez, por especialistas do célebre movimento artístico surgido na França no século XIX. Apesar disso, a participação do artista no grupo foi notável de diferentes maneiras.

Ainda em vida, Caillebotte se defrontou com afirmações que questionavam seu pertencimento ao grupo de Monet. Um crítico escrevendo sobre a Ponte da Europa e Rua de Paris, dia chuvoso, obras de Caillebotte em exibição na terceira exposição impressionista, em 1877, elogia o artista dizendo que ele “é impressionista só no nome”, pois “sabe desenhar e pinta com mais seriedade que seus amigos”. Apesar de juízos desse teor terem sido frequentes, há muitas evidências do seu comprometimento. Ele participou de cinco das oito exposições impressionistas, financiou a terceira e se tornou um colecionador das obras de Monet, Renoir e Pissarro ainda em 1875, um ano após a primeira exibição do grupo. 

Gustave Caillebotte foi um artista rico e culto que se dedicou intensamente à pintura durante 15 anos de sua vida. Seu pai, Martial Caillebotte, era juiz do Tribunal de Comércio do Sena, em Paris, e amealhou uma fortuna que permitiu a seus filhos viverem sem necessidade de trabalhar pelo próprio sustento. Dessa forma, Gustave pode se dedicar a suas paixões, como a pintura, a arquitetura náutica e a jardinagem, além de utilizar seus recursos no mecenato de seus companheiros impressionistas, de quem comprava os quadros e auxiliava financeiramente em momentos de dificuldade.

Vários estudiosos, como Stéphane Guégan, que integra o conselho científico do Museu d’Orsay, ligam Caillebotte à pintura realista da linhagem de Courbet (1817-1879), o famoso autor do quadro A origem do mundo. Caillebotte foi aluno de um pintor realista, Léon Bonnat (1833-1922), cujo atelier passou a frequentar em 1870, após se diplomar em Direito. Em 1873 ele é aceito na Escola de Belas Artes de Paris, o que sugere que o artista pretendia seguir uma carreira oficial na pintura. Entretanto, dois anos mais tarde, seu envio ao Salão oficial de Paris é recusado. Tratava-se da pintura Os lixadores de parquet, que media mais de um metro de largura por um metro de altura.

A partir da recusa, Caillebotte se aproxima dos impressionistas, expondo a pintura recusada na mostra impressionista de 1876. A crítica de arte francesa se divide em relação ao quadro. Alguns elogiam a maestria da técnica do artista, outros reprovam as figuras dos trabalhadores, por não apresentarem uma compleição física idealizada. Uma terceira via de crítica ainda, apoiadora dos impressionistas, não vê em seu modo de pintar a mesma pincelada evidente, curta e empastada dos demais participantes, reprovando-o nesse aspecto.

[Continua...]

O acesso a esse conteúdo é exclusivo aos assinantes premium do Matinal. É nossa retribuição aos que nos ajudam a colocar em prática nossa missão: fazer jornalismo e contar as histórias de Porto Alegre e do RS.

 

 
 
 

 

 

 

 
 
 

 

 
conteúdo exclusivo
Revista
Parêntese


A revista digital Parêntese, produzida pela equipe do Matinal e por colaboradores, traz jornalismo e boas histórias em formato de fotos, ensaios, crônicas, entrevistas.

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.