Memória

1878-1881: As árvores na Praça da Matriz

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1878-1881: As árvores na Praça da Matriz
PORTO ALEGRE 250 ANOS:  HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES 1878-1881: As árvores na Praça da Matriz: História A cobertura vegetal de Porto Alegre é variada, exuberante e colorida, como poucas. Dá de relho, por exemplo, na uniformidade dos arvoredos de Paris, Buenos Aires e Montevidéu. Mas nem sempre foi assim. No seu começo era uma cidade de barro e de pedra. Suas praças e largos eram concebidos como espaços de circulação, de desfiles militares e procissões religiosas. Ocupados também pelo pequeno comércio artesanal e apresentações de artistas de rua. Como ainda se vê em algumas Praças de Armas, como a de Santiago do Chile, que conservam até hoje seu perfil medievo-renascentista. Esta concepção só começou a mudar no último quartel do séc. XIX. Antes que alguém sustente que foi por decorrência da imigração, fica a hipótese de que foi por influência francesa e das reformas de Haussmann, em Paris. Nossas praças, a partir de então, começaram a ser espaços de descanso e contemplação. Por isso os bancos para sentar e as árvores para contemplar e se proteger do calor. Assim como espaços de celebração. Daí a colocação de monumentos para celebrar acontecimentos e personalidades. Não falta quem relacione isto com os interesses do capitalismo industrial em proporcionar uma melhor recuperação da força de trabalho operária nas folgas dominicais. O que pode ser, um pouco, enxergar chifres em qualquer ovelha que apareça pela frente. Quando e por que este projeto começou na Praça da Matriz? A primeira pergunta é respondida por Renato Holmes Fiore (“O caráter histórico da Praça da Matriz em Porto Alegre: significados do lugar, permanência e mudança”. In: Arqutextos, nº 9, 2006, p. 98), que assevera que “as árvores começaram a ser plantadas em 1878 e o ajardinamento completado em 1881”. A segunda pergunta não tem resposta documental.  O que não impede de se cogitar que, para uma cidade que não contava com um orçamento como o de Haussmann para refazer meia Paris, o projeto começasse no seu lugar de excelência. 1878-1881: As árvores na Praça da Matriz: Representações O processo de arborização da praça da Matriz (atual Marechal Deodoro) pode ser acompanhado através de diversas fotos. Deste conjunto destaca-se uma do final do séc. XIX (Fig. 1) quando, segundo Fiore, “a vegetação ainda estava baixa, e não interferia decisivamente na percepção da configuração e da estrutura formal do espaço como um todo (Op. cit. p. 98). Depois que as árvores cresceram (talvez até um pouco além da conta) os artistas sempre viram nelas excelentes oportunidades pictóricas.  Angelo Guido (Cremona, Itália, 1893 – Pelotas-RS, 1969) em sua fase de pinturas ligeiras, privilegiando as manchas mais do que os traços, para emoldurar as escadarias do monumento a Castilhos, escolheu em primeiro plano o verde difuso das árvores circundantes e o roxo-lilás dos ipês no plano de fundo (Fig. 2). Já Ceci Neubauer Junges (Roque Gonzales/RS, 1937 – Porto Alegre, em atividade), uma apaixonada pelos ipês floridos da Praça, preferiu apresentar sua exuberância cromática numa técnica mais pontilhista (Fig. 3). O […]

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