1884 – O Jornal “A Federação”
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1884 – O Jornal “A Federação” – História
A década de 1880, em Porto Alegre, foi de forte efervescência política e jornalística. Debatia-se, especialmente, a abolição da escravatura e a república. Defendendo as duas causas, em 1º de janeiro de 1884 começou a circular o jornal A Federação, órgão oficial do Partido Republicano Rio-grandense. Partido criado, em 1882, por um grupo de advogados (Castilhos, Pinheiro Machado, Venâncio Aires), médicos (Ramiro Barcelos), engenheiros (Demétrio Ribeiro), professores (Apolinário Porto Alegre) e outros profissionais liberais. O diferencial filosófico-doutrinário do novo jornal era a influência do positivismo de Augusto Comte. Influência, sim. Catecismo de ação política, não. Tanto que foi por eles consideravelmente reinterpretado quando assumiram o poder, em 1889.
Independentemente dos “deslocamentos de sentido e ênfase” do positivismo castilhista (que já foi exemplarmente mostrado por Nelson Boeira (“O Rio Grande de Augusto Comte”. In: RS: Cultura e Ideologia. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1980), o que cabe aqui destacar é que o jornal por eles fundado firmou-se, sim, como um dos mais lidos e respeitado do seu tempo. Tanto que perdurou por mais de meio século, só deixando de circular com o Estado Novo de 1937.
Seu prestígio em parte veio da envergadura sócio-cultural de seus diretores e redatores. Entre os primeiros estiveram Venâncio Aires, Júlio de Castilhos, Ernesto Alves, Barros Cassal, Lindolfo Collor e Otelo Rosa. Entre os segundos, além dos supracitados, nomes como Demétrio Ribeiro, Manoelito de Ornellas e Arthur Pinto da Rocha. Em suas duas primeiras décadas, predominava a informação. No lugar da “notícia” do fato inusitado, pitoresco e sensacional, preferiam o ramerrão dos que chegavam e partiam da cidade, das mercadorias que entravam pelo porto, dos aniversariantes e consortes do dia, das chamadas e editais das repartições públicas e da celebração de alguma efeméride. No lugar da charge (isso ficava com O Século) uma diagramação de colunas uniformes, sem manchetes e letras garrafais. Ou seja, a cara do Rio Grande do Sul circunspecto e “responsável”.
[Continua...]