Memória

1914: O cine chegando aos bairros com os cinemas Apollo, Garibaldi e Colombo

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1914: O cine chegando aos bairros com os cinemas Apollo, Garibaldi e Colombo

PORTO ALEGRE 250 ANOS: HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES

1914: O cine chegando aos bairros com os cinemas Apollo, Garibaldi e Colombo – História

Em 1914 as salas de cinema começaram a chegar aos bairros de Porto Alegre. Em abril foi inaugurado o Cine-Teatro Apollo, na av. Independência, junto à Praça Dom Feliciano. Em dezembro iniciou suas atividades o Cinema Garibaldi, na rua Venâncio Aires, próximo à praça Garibaldi. No mesmo ano, “ainda em construção de madeira” (FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre, ano a ano. Porto Alegre, Letra & Vida, 2012, p. 175), surgiu o Cinema Colombo, na Cristóvão Colombo, quase esquina da 7 de Abril (segundo Ana Luiza Koeller, inaugurado em 1915).

Para além de indicativos de sua acelerada expansão econômica, urbana e populacional, as três salas de cinema apontam para o fenômeno que foi o cinema na história do lazer e dos novos espaços de sociabilidade de uma cidade que se modernizava velozmente. 

Na história do cinema gaúcho, o Cine-Teatro Apollo parece ter sido um episódio de maior relevância. Um pouco por sua localização, num bairro de população de maior poder aquisitivo.  Mas, muito mais, pela pessoa de seu co-proprietário Eduardo Hirtz, que além de sócio do cinema Coliseu (de 1910) e do cinema Thalia (de 1919), era também cinegrafista. Em parceria com Emilio Guimarães (ver Parêntese, 20.8.2022) produzia documentários e cinejornais (21 ao todo), cobrindo festas, corridas de cavalo, jogos de futebol, desfiles, festas religiosas e particulares. Eram exibidos no Apollo, através do Projetor Brasil, por ele fabricado, que suprimia “por completo a trepidação das imagens na tela … uma verdadeira revolução no mundo do cinema!… O que até hoje, apesar de grandes esforços não conseguiram os mecânicos europeus” (Revista Kodak, Ano II, n. 75, 28/3/1914. p. 10). 

A propaganda já era a alma do negócio. 


Os primeiros cinemas de bairro em Porto Alegre – Representações

O interesse de nossos artistas pelos cinemas de rua, como parte integrante da paisagem urbana, parece que não acompanhou a grandeza do imaginário afetivo-cultural que os mesmos representaram para os porto-alegrenses.  Por isso mesmo é de se destacar a aquarela de Ernst Zeuner (Zwickau, Alemanha, 1898 – P. Alegre, 1967) que incluiu o cinema entre os equipamentos urbanos destinados ao lazer e recreação (Fig. 1).

Em compensação, os registros fotográficos são abundantes. Permitem visualizar, por exemplo, como era uma sessão do Cinema Apollo, possivelmente numa tarde de domingo (Fig. 2). Assim como captar em detalhes o medalhão de sua fachada, executado pelo escultor berlinense Alfred Staege (Berlim/AL, 1880 – Guaporé/RS, c.1950), com o tema do deus Apolo juvenil (Fig. 3), e cuja estampa constava nos bilhetes de entrada do estabelecimento (Fig. 4). E, como a história não é feita apenas de superestruturas e modos de produção, mas também de indivíduos de carne e osso, o retrato de seu proprietário (Fig. 5).  


Fig. 1 – A vida na cidade: Recreação infantil – O parque. Ernst Zeuner, s/data. Têmpera sobre papel, 25,5 x 37 cm. Acervo do MARGS, Porto Alegre, RS.

Fig. 2 – Entrada do Cinema Apollo. Foto de E. Becker, sem data. Acervo do autor, Porto Alegre, RS.

Fig. 3 – Medalhão Apolo juvenil. Alfred Staege, c. 1913. Acervo do autor, Porto Alegre, RS.

Fig. 4 – Bilhete de entrada para o Cinema Apollo. Impressão sobre papel pardo, 4,8 x 9.8 cm. Acervo do autor, Porto Alegre, RS.

Fig. 5 – Eduardo Hirtz. Foto de Atelier Barbeitos. Acervo Rejane Hirtz Trein, Porto Alegre, RS.

Arnoldo Doberstein é professor e estudioso da história de Porto Alegre.

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