Memória

1917-21: As preliminares da construção da nova catedral

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1917-21: As preliminares da construção da nova catedral

PORTO ALEGRE 250 ANOS: HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES

1917-21: As preliminares da construção da nova catedral – História

Entre 1917 e 1921, ocorreram os preparativos para a construção da nova catedral, liderados pelo laborioso, carismático e por vezes contraditório D. João Becker. Para o concurso inicial apresentaram-se cerca de 15 concorrentes, com nomes regionais como Theo Wiederspahn, Viterbo de Carvalho, Duilio Bernardi, de outros estados e até de Montevidéo. Da exibição das maquetes, concorridíssima, as que mais agradaram “foram a do Sr. Trebbi, em estilo gótico, do Sr. Corona, em ogival, e o do firma A. F. Barros, do Recife, em gótico do 13º século” (A Federação, 21/2/1917, p. 6). Bem de acordo com a Pastoral que o arcebispo viria a editar, orientando para que as novas igrejas do RS fossem no estilo gótico (P.Alegre: Selbach, 1919, p. 59-64). Entre os motivos, estava o de ser o gótico o estilo de maior uniformidade estilística entre arquitetura e ornamentação.

O vencedor do concurso foi José Maria Corona. Com uma esplêndida catedral gótica (Fig. 1). Venceu mas não levou. Por razões nunca esclarecidas. Segundo seu filho, em meados de 1920 ele foi embora para Pelotas “onde talvez possa me levantar e esquecer a desgraça da Catedral. Não querem me pagar nem o projeto” (Caminhada de Fernando Corona, Livro IV. Manuscrito, p.176). Depois vieram os aterros (1919-20). Em 06 de agosto de 1921, a pedra fundamental. Um bloco de granito de 1 metro cúbico com uma urna de metal com várias lembranças. Entre elas, a ata de lançamento com a novidade: “o projecto da nova Cathedral [é] da autoria do architeto romano commendador Giovanni Baptista Giovenale” (A Federação, 08/08/1921, p. 2). Em ESTILO RENASCENTISTA. Se um dia aberta, a urna talvez informe por que o arcebispo trocou o gótico da uniformidade estilística, pelo renascentista da miscelânea de estilos.   

A nova catedral – Representações

Dizem que a conclusão da Igreja das Dores demorou pela praga de um escravo. Só nos falta inventarem que com a Catedral também foi assim, pela praga do Corona. Seja como for, a cripta só foi concluída em 1929. As naves superiores em 1941. As torres em 1971. E a inauguração só em 1986. Com nossos artistas sempre incluindo-a em seus motivos pictóricos. Benito Castañeda (Cádiz, Espanha, 1885 – P. Alegre, 1955), quando as construções vizinhas ainda deixavam o sol poente acalentar suas paredes (Fig. 2). Iberê Camargo (Restinga Seca, 1944 – P. Alegre, 1989), com sua paleta hipercarregada de tintas, quando ainda mais cercada de casarios que edifícios (Fig. 3). Carlos A. Petrucci (Pelotas, 1919 – P. Alegre, 2012), quando estes últimos só lhe permitiam, de sua janela, vislumbrar a sua majestosa cúpula (Fig. 4). E Carlos Mancuso (P. Alegre, 1930 – Idem, 2010), com sua fachada já completada em todos seus atuais detalhes (Fig. 5).


Fig. 1 – Anteprojeto para a Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Jesus Maria Corona, 1922. Fotografia, 70 x 46 cm. Acervo Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Porto Alegre, RS. Tirado de: Pinacoteca Barão de Santo Ângelo: Catálogo Geral – 1910-2014. GOMES, Paulo (Org.). Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2001, vol. I, p. 120.

Fig. 2 – Sem Título. Benito Castañeda, s/data. Óleo sobre tela, 50 x 40 cm. Acervo Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Porto Alegre, RS. Tirado de: Pinacoteca Barão de Santo Ângelo: Catálogo Geral – 1910-2014. GOMES, Paulo (Org.). Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2001, vol. I, p. 85.

Fig. 3 – Sem título.  Iberê Camargo, 1942. Óleo sobre tela, 60 x 70 cm. Coleção Maria Cousirat Camargo. Tirado de: Catálogo da exposição Iberê Camargo: um ensaio geral. Porto Alegre, Fundação Iberê Camargo, 2009, p. 36.

Fig. 4 – Vista da minha Janela. Carlos A. Petrucci, 1975. Têmpera encerada sobre eucatex, 69 x 58,5 cm. Coleção Pedro e Matilde Gus, Porto Alegre, RS. Tirado de: VEECK, Marisa (Prod.). Catálogo Caixa Resgatando a Memória. Porto Alegre, CEFER, 1998, p. 111.

Fig. 5 – Praça da Matriz e Catedral. Carlos Mancuso, sem data. Aquarela sobre papel, 30 x 48,0 cm. Coleção Orlando Hein, Porto Alegre, Rs.

Arnoldo Doberstein é professor e estudioso da história de Porto Alegre.

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