1924: A igreja São José, de Lutzenberger e Adloff
1924: A igreja São José, de Lutzenberger e Adloff – História
“Em 5 de outubro de 1924, por ocasião do centenário da primeira Imigração Alemã [sic], foi possível a realização da primeira missa” na igreja São José (ROHDE, Maria. Os sinos de São José, n. 142, ago/2001, p.3). Capítulo importante da saga dos alemães católicos de Porto Alegre, que, desde os primórdios da imigração, tiveram que se inserir numa sociedade atendida por padres que não falavam e não gostavam do alemão.
Tais dificuldades diminuíram a partir de 1860, quando os primeiros jesuítas vieram para São Leopoldo e dali para Porto Alegre, onde ministravam sacramentos e missas em alemão na Igreja do Rosário. Desavenças internas fizeram com que os alemães se decidissem por uma capela própria (1871), na rua Bragança (atual Marechal Floriano). A partir de 1913, com a venda do terreno, os atos e cultos passaram a se realizar, provisoriamente, na capela do Colégio São José, na rua São Rafael (atual Alberto Bins). As dificuldades aumentaram quando o arcebispo D. João Becker, em 1917, cedendo à “onda muito forte contra os alemães e seus descendentes, proibiu o uso da língua alemã na Capela São José e lhe retirou os privilégios de que gozava, reduzindo-a a simples oratório” (NEDEL, Pe. Oscar. Os sinos de São José, n.120, out/1999, p. 4).
Não adiantou. Mesmo amordaçados, os obstinados “alemãozinhos” decidiram erguer sua nova igreja. Em 1920 criaram a comissão para sua construção. Em 1922 lançaram a pedra fundamental. Em 1924 inauguraram-na, mesmo sem resposta ao requerimento a Roma pedindo o retorno dos privilégios cassados. O que só aconteceu em 1925.
A igreja São José, de Lutzenberger e Adloff – Representações
O projeto da nova igreja, assim como a fiscalização de sua execução, coube a José Lutzenberger (Altötting, Alemanha, 1882 – P. Alegre, 1951). Um meticuloso que, além das plantas, desenhou e aquarelou suas pinturas, esculturas, móveis, altares e vitrais, cuja execução entregou a outros profissionais. Como foi o caso de Alfred Adloff (Dusseldorf, Alemanha, 1874 – S.Bernardo, SP, 1949). Como Lutzenberger (Fig. 1), dono de sólida formação técnica, artística e científica européia, muito acima da média.
Dos modelos de Lutzenberger destacam-se as aquarelas de seus vitrais (Fig. 2), das quais os vitralistas da Casa Veit transpuseram as aberturas da São José. Das pinturas sobressaem o Casamento de Maria e José (Fig. 3 – Esquerda) e a Sagrada Família em Nazaré (Fig. 3 – Direita), pintada nos anos 1940 com ajuda de alunos da Escola de Belas Artes, onde Lutzemberger “germanizou” a cena com um “colono-gaúcho”, José oferecendo a Jesus um pão “colonial”, e nas flores que circundam a figura de Maria.
Das esculturas que Lutzenberger projetou e Adloff modelou destacam-se a figura de São José, em mármore, para o altar principal (Fig. 4 – Esquerda), também atribuída a André Arjonas, mas dada como de Adloff pelas fontes da São José, assim como o grupo São José com o Menino (Fig. 4 – Direita), em feitura direta, para a fachada da Igreja. Mais as duas esplêndidas placas do hall de entrada. Uma alusiva à Independência (Fig. 5 – esquerda), outra ao grupo dos Construtores da igreja São José (Fig. 5 – Direita).