Memória

1935 – A inauguração da Rádio Farroupilha

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1935 – A inauguração da Rádio Farroupilha

PORTO ALEGRE 251 ANOS

1935 – A inauguração da Rádio Farroupilha – História

Em julho de 1934, Porto Alegre via o anúncio de uma “nova “broadcasting” porto-alegrense [com] serviços de informações, programas literários, musicais e científicos, irradiações destinadas à infância, assuntos comerciais, industriais e pecuários, turismo e aproximação dos povos” (A Federação, 10/7/1934, p.8). Tratava-se da Rádio Farroupilha, no ar desde 1934, mas oficialmente inaugurada em 24/7/1935, com direito a fala inicial “do general Flores da Cunha, governador do Estado”, cuja família era dona da empresa, e com um “programa primorosamente moderno … com Carmen Miranda e Mário Reis como atrações” (A Federação, 24/7/1935, p.2).

A nova rádio vinha a se somar, e concorrer, com a Rádio Gaúcha, de 1927, e a Rádio Difusora Porto-alegrense, de Arthur Pizzoli, de 1934. A primeira com estúdios no Grande Hotel e torres de transmissão na Hidráulica Moinhos de Vento. A segunda já gerenciada com o espírito capitalista de oferecer entretenimento para produzir ganhos econômicos através de propagandas pagas. O fetiche da mercadoria de que fala Marx.

A Difusora e a Farroupilha, esta última com seu transmissor de 25 KW (o mais potente do país, dizia-se) inovaram também no associacionismo empresarial. A primeira dando preferência aos produtos da Casa Coates. A segunda fazendo parte “da Empresa Jornalística Rio-Grandense, que editava os diários Jornal da Manhã e Jornal da Noite” (FERRARETTO, Luis Arthur. O rádio no RGS: dos pioneiros às emissoras comerciais. Canoas: Editora da Ulbra, 2002, p, 23)


A radiofonia dos anos 1930 – Representações

A Farroupilha contava com o Jornal da Manhã e o Jornal da Noite. A Difusora, com a boa vontade editorial da Revista do Globo, como contrapartida das inserções pagas de sua marca, a qual contava com desenho (não assinado, mas de traço inconfundível) de Nelson Boeira Faedrich (Fig. 3). Para a inauguração da Farroupilha, um quase silêncio da Revista do Globo. Para a Difusora, matérias com seus artistas e comunicadores, apresentados como “personalidades” (Fig. 1), e artigos como “A ginástica pelo rádio”, lembrando Comte (“a ginástica é o pedestal do cérebro!”) e asseverando que “a ginástica é já, não só uma necessidade física, mas uma moda”. Neste último, o programa da PRF-9 (Rádio Difusora), apresentado pelo prof. Mário Pinto, lembrado como o melhor exemplo. Professor Mário Pinto que, de quebra, recebeu a capa do mesmo número, ilustrada por Edgar Koetz (Fig. 2).

E a Rádio Gaúcha, como ficava nisso tudo? Na década de 1930, ao que parece (pesquisas mais demoradas podem mostrar diferente), competia com as duas “gigantes” mas não exatamente como uma “player” capitalista. Vivia ainda da mensalidade de seus sócios e da simpatia dos artistas gráficos com seus programas e personagens. Como atestam os desenhos de J. Robles (Fig. 4) e do próprio Edgar Koetz (Fig. 5).


Fig. 1 – “A onda alegre da cidade e seus artistas”. Reportagem fotográfica, 1935. In: Revista do Globo, ano VII, 05.11.1935, n.19, p.48-49. Composição: acervo do autor, Porto Alegre, RS.

Fig. 2 – Edgar Koetz. Charge do fisicultor Mário Pinto, 1935. In: Revista do Globo, ano VII, n. 10, 25.9.1935, capa.

Fig. 3 – Nelson Boeira Faedrich, atribuído. Anúncio da Radio Difusora, 1935. In: Revista do Globo, ano VII, 20.7.1935, p. 27.

Fig. 4 – J. Robles. Caricatura do Sr. Fontoura, speacker da Hora de Arte da CEEE-Rádio Gaúcha, 1931. In: Revista do Globo, ano III, 20.8.1931, n. 21, p. 22.

Fig. 5 – Edgar Koetz. Charge do professor de alemão Huberto Von Schoenfeldt, 1935. In: Revista do Globo, ano V, 14.5.1933, n. 11, p. 6.

Arnoldo Doberstein é professor e estudioso da história de Porto Alegre.

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