Memória

Lugares da Classe Trabalhadora em Porto Alegre 15: A Rua do Parque

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Lugares da Classe Trabalhadora em Porto Alegre 15: A Rua do Parque (Foto: arquivo pessoal)
A rua do Parque é uma das mais antigas vias públicas da região norte de Porto Alegre, (juntamente com a rua São Pedro e a avenida Sertório), ligando a região central do Arrabalde dos Navegantes com a Rua Voluntários da Pátria. No final do século XIX, ela teve um rápido desenvolvimento, contando noventa e dois prédios no ano de 1896. Uma de suas vantagens era estar próxima das grandes industrias, como a Fábrica de Móveis Gerdau, da Metalúrgica Wallig, da Fiação e Tecido Porto Alegrense, da Cervejaria Christoffel e da Fábrica de Vidros; outra vantagem era ser cortada por uma linha de bondes que vinculava a região central da cidade (a partir da Voluntários da Pátria) com os subúrbios industriais, já que depois da rua do Parque os trilhos se direcionavam para a avenida Eduardo (atual Presidente Franklin Roosevelt), para a rua São Pedro e para a avenida Benjamin Constant. Ao longo da primeira metade do século XX, a rua do Parque (assim como seu entorno) se tornou central para a sociabilidade operária, com suas longas sequências de casas de porta e janela, seus bares, restaurantes, escolas, sindicatos e outras associações. Em 1898, na rua Conde de Porto Alegre, em frente à Rua do Parque, foi criada a primeira Igreja Batista Alemã da cidade, o que mostra que essa região já era importante nesse período. A partir da década de 1910, o Restaurante Hoffmann (posteriormente demolido, mas que ficava no atual número 310) se tornou ponto de encontro para a comunidade de língua alemã e para diversas categorias profissionais, recebendo reuniões de metalúrgicos e marceneiros no final dessa década e de trabalhadores em madeira, sapateiros e vidreiros durante os anos 1920. Em 1923, ao lado da rua do Parque, na rua Itália (atualmente rua Santos Dumont, n.974), os comunistas de língua alemã criaram uma Escola Moderna, voltada para a classe trabalhadora, em um projeto organizado pelo Professor Jean Heffner e pelo antigo líder espartaquista Fritz Haberland. Nessa mesma rua Itália, bem próximo dali, também funcionava a Sociedade Húngara, que reunia os imigrantes dessa nacionalidade em atividades recreativas e beneficentes.  No ano de 1925, a rua do Parque se tornou o coração do movimento anarquista na cidade, pois o prédio de número 112 (atual n.460), recebeu a Federação Operária do Rio Grande do Sul; esse endereço também é significativo para a história das mulheres e do feminismo, pois no mês de agosto ocorreu o 3ª Congresso Operário Regional, em que as militantes anarquistas Alzira Werkhauser e Cantalice Silva Grecco lançaram um manifesto pela organização das trabalhadoras através do Grupo Feminino Libertário. Alguns anos depois, em 1928, a União dos Marítimos e o Grupo Anarquista Nova Era foram instalados em uma humilde casa de porta e janela, no número 91. Um pouco mais tarde, em 1936, o prédio de número 51, próximo da rua Voluntários da Pátria, se tornou sede da Associação dos Amigos da Espanha Republicana; essa era uma associação antifascista, que procurava combater a influência do franquismo entre os imigrantes […]

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