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A adaptação para a peça teatral Gabinete de Curiosidades

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A adaptação para a peça teatral Gabinete de Curiosidades

LIVRO | O Sol Brilhou na Currúpnia, de Gilberto Schwartsmann

Foto: Sulina/Divulgação

Adaptação para a peça teatral Gabinete de Curiosidades, recentemente encenada em Porto Alegre e São Paulo, O Sol Brilhou na Currúpnia (Sulina, 104 páginas, R$ 34,90), de Gilberto Schwartsmann, se passa em um país imaginário onde a cultura e a arte não são valorizadas pelas autoridades. (Parece familiar, né?) Dois velhos atores são abandonados pela família em um asilo prestes a fechar as portas pelo total desinteresse oficial – pois literalmente tudo passará a ser virtual. Para sobreviver, a dupla se alimenta das lembranças de um tempo em que havia interesse pela cultura e pelas artes.

Os dois velhos artistas vivem de suas recordações do que de melhor houve no teatro, em qualquer tempo. Representando um para o outro trechos de grandes autores, a vida lhes parece um pouco mais tolerável. Tudo pode mudar quando ficam sabendo de um concurso público de peças teatrais originais – e ambos passam a viver então o sonho de juntos escreverem uma peça com a qual possam vencer o tal certame dramático.

Estreia como dramaturgo do médico oncologista, professor e mecenas das artes Gilberto Schwartsmann, o espetáculo Gabinete de Curiosidades ganhou os palcos em julho de 2022, com direção de Luciano Alabarse e atuação de Zé Adão Barbosa, Arlete Cunha e Fernando Zugno.


LIVRO | Dalton Paula: O sequestrador de almas, de Dalton Paula e Lilia Moritz Schwarcz

Foto: Cobogó/Divulgação

A partir da leitura e do diálogo com a história da diáspora africana na formação do país, Dalton Paula: O sequestrador de almas (Cobogó, 248 páginas, R$ 150) apresenta as extensas pesquisas – viagens, conversas, fotografias, colagens, diários – para a elaboração das pinturas, desenhos, instalações, performances, vídeos e fotografias do artista visual, que têm a memória, as biografias do passado e os saberes ancestrais como elementos centrais. O volume reúne obras de Dalton Paula acompanhadas de texto da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz sobre sua produção e processos de trabalho.

O universo subjetivo, afetivo e criativo de Dalton faz de sua arte um diálogo com a história das pessoas negras no Brasil. Seus retratos colocam em protagonismo personagens negras, em sua maioria invisibilizadas pelas narrativas coloniais. O conjunto de quadros evidencia como essa população nunca foi passiva diante das violências a que foi submetida no país: muitos dos retratados são figuras históricas da resistência contra a escravização dos negros e da luta pela liberdade.

Quando recria a imagem de nomes como Machado de Assis e Lima Barreto, o artista inverte a lógica de retratos coloniais, que costumam “embranquecer” pensadores negros e negras do cânone nacional brasileiro. São destacados, propositadamente, estereótipos visuais e sociais que marcaram as populações afrodescendentes no Brasil e no exterior. O resultado “é uma pinacoteca de fantasmas da intimidade, que jamais estiveram tão vivos. Um mergulho no tempo dos antepassados, das suas andanças e sabedorias, que restaram como incômoda ‘ausência presente’ nos objetos que ganham vida no espaço infindo que é o território das relações e da própria memória”, descreve Lilia.


DISCO | Pizindim, do grupo vocal Ordinarius

Um dos mais importantes grupos vocais brasileiros, o Ordinarius está de volta. Após mergulhar em universos de grandes referências da música nacional como Carmen Miranda e Aldir Blanc, o septeto acaba de lançar Pizindim (11 faixas), álbum em homenagem ao mestre Pixinguinha (1897 – 1973). Com produção musical e arranjos originais de Augusto Ordine, fundador do grupo, o disco traz grandes sucessos do grande compositor carioca como Carinhoso, Lamentos, Um a Zero e Vou Vivendo, além de canções menos conhecidas como Benguelê e Os Cinco Companheiros – gravadas no tradicional do conjunto, com as vozes no comando da melodia, apoiadas pela percussão. 

Foto: Tatiana Agra/Divulgação

Um dos destaques de Pizindim são as participações especiais: o festejado grupo vocal cubano formado por mulheres Gema 4 em Os Cinco Companheiros; Nilze Carvalho fazendo a voz solo em Carinhoso; o pianista Hércules Gomes em Parangolé; a sanfona do compositor Marcelo Caldi em Naquele Tempo; e Ricardo Vieira no violão em Benguelê.

Em 2023, completam-se 50 anos da morte de Pixinguinha – ou Pizindim, como era chamado pela avó –, um dos maiores gênios da música brasileira e que, além do trabalho musical brilhante, desafiou normas e regras sociais sendo um homem negro, artista, compositor e instrumentista, atuando na cena cultural do Rio de Janeiro do início do século 20. “Decidimos cantar a obra de um homem grandioso e nascido poucos anos após a abolição da escravatura. A sua vida enquanto artista e musicista não foi nada fácil. Mesmo assim, Pixinguinha alcançou fama em diversas partes do mundo e tem uma vasta obra, que passa por períodos e estilos diversos da nossa música. Para além da genialidade musical, falar de Pixinguinha hoje no Brasil, que continua sendo um país racista, é de extrema importância social”, defende o músico Augusto Ordine.

Assista ao clipe de Os Cinco Companheiros aqui.

Escute o disco aqui.

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