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Recomendações da semana #77

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Recomendações da semana #77 Foto: Cobogó/Divulgação

LIVRO

Arjan Martins | Organizado por Paulo Miyada

O livro Arjan Martins (Cobogó, 184 páginas, R$ 135) apresenta um extenso panorama da trajetória do artista plástico carioca que, em diálogo com a tradição moderna da pintura ocidental, vem retratando em sua obra a negritude afro-brasileira enquanto presença, memória e imaginação. De caráter multitemporal e plurigeográfico, seu universo temático surge como uma amálgama de presente e passado, África e Brasil, para abordar uma história marcada pela luta, pelo luto e pela criação. O volume, com organização de Pablo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, chega às livrarias em edição bilíngue.

Arjan começou a frequentar os cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, na década de 1990. Após um período de intensa produção que dava destaque a figuras anatômicas, sua obra foi aos poucos se conduzindo para a criação de desenhos e croquis nos quais desenvolveu uma técnica pictórica que mistura espaços vazios a texturas, colorações e composições intensas e variadas. Os rostos de suas figuras negras são muitas vezes borrados em pinceladas aflitas e elegantes, traduzindo uma negação da identidade com gestos que multiplicam as direções expressivas contidas na forma.

O livro reproduz mais de cem telas do pintor, cuja obra já foi exposta em algumas das instituições mais importantes do Brasil – entre elas MAM-SP, MAM Rio, Instituto Tomie Ohtake e MAR (Museu de Arte do Rio) – e apresentada em importantes bienais pelo mundo, como a de Dakar e a do Mercosul. A publicação traz também um ensaio de Pablo Miyada e outro do crítico e historiador de arte Michael Asbury, professor associado da Chelsea College of Art e da University of the Arts London, além de uma entrevista realizada pela historiadora Raquel Barreto, na qual Arjan revê sua trajetória e detalha inspirações e inquietações. 


Há uma Lápide com o Seu Nome | Camilla Canuto

Foto: Oficina Raquel/Divulgação

Uma série de eventos interconectados, que acontecem sem nem sempre nos darmos conta ou os termos escolhido inteiramente – assim pode ser o contínuo da vida. Assim é, ao menos, para Adelaide, uma mulher cotidianamente cerceada pelo marido e incompreendida pela filha, e uma das personagens centrais do livro Há uma Lápide com o Seu Nome (Oficina Raquel, 108 páginas, R$ 49).

Nesse romance conciso, acompanhamos o desenrolar do dia a dia de uma família – notando os excessos e faltas do pai, a amargura da mãe, o ressentimento da filha –, em um ambiente de constrição constante, que resulta em vidas sem espaço para o contentamento. É nesse farfalhar das cortinas da intimidade que a sergipana Camilla Canuto lança seu livro de estreia. Aos 26 anos, a autora costura uma história delicada e repleta de episódios que povoam as realidades familiares, sem retratá-las como lugares-comuns. 

“Camilla ressuscita, como na grande literatura, pequenas pessoas. E na pequeneza da personagem nos vemos, e nos redimimos. Como Emma Bovary e Anna Karenina, Adelaide viveu aquém dos romances. Não significa que não merecesse mais”, escreve Gregório Duvivier na quarta capa.


O Cometa + O Fim da Supremacia Branca, de W. E. B. Du Bois e Saidiya Hartman

Foto: Fósforo/Divulgação

Considerado uma das gêneses do afropessimismo, O Cometa especula sobre novas possibilidades da vida negra a partir do fim do mundo. Nessa breve ficção especulativa originalmente publicada na antologia de textos, poemas e contos Darkwater, o sociólogo norte-americano W. E. B. Du Bois retrata uma Nova York vazia após a passagem de um cometa misterioso que mata todos os habitantes da cidade. Sobrevivem apenas Jim, um homem negro, e Julia, uma mulher branca.

No centenário da publicação do conto, Saidiya Hartman, professora de Columbia e nome fundamental do pensamento negro contemporâneo, escreveu o ensaio O Fim da Supremacia Branca que completa essa edição comemorativa da Fósforo (88 páginas, R$ 39,90), no qual comenta a atualidade do texto e situa o pensamento de Du Bois no centro do debate racial contemporâneo. Fazendo conexões entre a pandemia de Gripe Espanhola que Du Bois vivenciou e a de Covid-19 que hoje nos assola, a autora chama atenção para a violência contra a população negra nos Estados Unidos, relacionando ainda o conto com o pensamento de autores clássicos como Aimé Cesaire e Frantz Fanon. Ela dialoga ainda com fenômenos contemporâneos, como o movimento Black Lives Matter e manifestações artísticas, como o filme Queen & Slim

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