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Um dos títulos mais ambiciosos de Annie Ernaux

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Um dos títulos mais ambiciosos de Annie Ernaux Foto: Fósforo/Divulgação

LIVRO | Paixão Simples, de Annie Ernaux

Uma das obras de Annie Ernaux mais adorados pela crítica e pelo público, Paixão Simples (Fósforo, tradução de Marília Garcia, 64 páginas, R$ 54,90) é também um dos títulos mais ambiciosos da escritora francesa por sua tentativa de dar conta da radicalidade da experiência de se apaixonar. Nas breves páginas desse relato, publicado pela primeira vez em 1992, a vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 2022 esmiúça o estado de enamoramento absoluto que experimentou quando, já divorciada e mãe de dois filhos crescidos, viveu um relacionamento com um homem casado.

Durante os meses em que se relacionou com A., toda a existência da autora foi regida por um novo signo, que Ernaux disseca com precisão e franqueza. “Graças a ele, eu me aproximei do limite que me separa do outro, a ponto de às vezes imaginar que iria chegar do outro lado”, descreve. Essa proximidade do limiar, tão própria do sujeito apaixonado, assume formas variadas no relato. A primeira fronteira a ser deixada para trás é a da razão, que cede espaço ao pensamento mágico por meio do qual se manifesta a expectativa agonizante de ser correspondida. Cada evento, palavra ou pessoa ao redor só tem interesse para Ernaux na medida em que a faz pensar em A. Cada minuto longe dele é uma espera que transcorre de forma diversa do ritmo da vida real.

Tema recorrente na obra da escritora, o tempo em Paixão Simples não obedece à lógica ou à história: “Para mim não havia essa cronologia em nossa relação, eu só conhecia a presença ou a ausência”. Uma vez terminada a relação, o tempo entra em cena novamente – desta vez, como índice do rastro deixado por um acontecimento marcante: “Estava sempre calculando, ‘há duas semanas, cinco semanas, ele foi embora’, e ‘no ano passado, nessa data, eu estava aqui, fazendo isso e aquilo’” […]. Pensava que era muito estreito o limiar entre essa reconstituição e uma alucinação, entre a memória e a loucura”.


LIVRO | A sobrevivência do desejo nos sonhos de Auschwitz, de Samantha Abuleac 

[Continua...]

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