Ensaio | Parêntese

Roberto Jardim: O futebol em defesa da democracia. De novo

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Roberto Jardim: O futebol em defesa da democracia. De novo No dia 31 de maio, na Paulista
Não é que partiu do futebol o primeiro movimento nas ruas contrapondo os atos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que pedem a volta da ditadura? Sim! Mesmo apontado como um campo fértil para os alienados, e até os apolíticos, o jogo de bola deu mais uma mostra de que pode – e deve – ir além dos estádios. Foi mais um exemplo de como futebol e política, ou política e futebol, andam juntos. A mobilização veio das arquibancadas. Mais precisamente, em parte, dos setores mais populares. Integrantes de torcidas de diversos clubes Brasil afora foram às ruas no domingo passado (31 de maio) protestar contra o governo federal e ratificar seu apreço pela democracia. Muitas das manifestações foram organizadas perto de locais onde havia atos a favor de Bolsonaro e contra as instituições democráticas. É importante, contudo, saber como surgiram as ações que ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre, entre outras cidades. Na maioria delas, os atos partiram dos grupos autodenominados antifascistas, as torcidas antifas – torcedores que se organizaram, mais ou menos a partir de 2013, com ideia de combater a crescente onda antidemocrática, que ganhava força até nas canchas.  Não foi assim, porém, na capital paulista, onde, como há 21 anos, tudo partiu de integrantes da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians e uma das maiores do país. Em 1979, integrantes da Fiel, entre eles o jornalista Chico Malfitani, foram responsáveis por um dos primeiros atos públicos pós-AI-5 . – A Gaviões surgiu, em 1979, de um movimento dentro da torcida do Timão que buscava lutar contra duas ditaduras: a que dominava o Brasil de dentro dos quartéis e a do ex-presidente do Corinthians Wadih Helu, integrante da Arena, partido do governo militar, e que comandou o clube de 1961 a 1971 – lembra Chico, fundador e conselheiro vitalício da Fiel. Tá, mas o que essa história tem a ver com o que aconteceu semana passada? O próprio Chico conta: – Há quatro domingos, cerca de 30 integrantes da Gaviões resolveram ira para a avenida Paulista mostrar que as ruas também são nossas. Mostrar que, se do lado de lá tem quem defenda esse governo, pedindo a volta da ditadura, do lado de cá tem o povo que quer manter a democracia! O jornalista, hoje com 70 anos, conta que a ideia surgiu espontaneamente em meio a integrantes da Fiel, depois que 13 associados morreram por covid-19.  – Foi tudo um reflexo do que está acontecendo no país. Estamos em meio a uma pandemia e o governo só sabe falar de armar o povo, o presidente só quer defender seus filhos – comenta. E depois acrescenta: – O pessoal notou que estava chegando a hora de alguém fazer alguma coisa. Isso pode ajudar na luta em defesa da democracia. Pode ajudar a acordar o país, que parece estar adormecido. Chico vê a Fiel como um reflexo da torcida corintiana e do povo paulista e brasileiro. A maioria dos […]

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