Um outro futebol é possível

O começo de tudo

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O começo de tudo Ilustração: César Zárate
“Promover democracia enquanto se marcam gols. É um belo manifesto político”, Éric Cantona, ex-jogador Se você não é muito chegado ao futebol, pode estar se perguntando: o que um artigo (ou uma série de cinco deles) está fazendo aqui na Parêntese? Bom, talvez a declaração do técnico da seleção uruguaia, Oscar Tabárez, ajude a explicar de forma resumida: – Futebol é uma excelente desculpa para falar de coisas mais importantes do que o futebol.  Sendo assim, nesta e nas próximas quatro semanas, nossa ideia é apresentar, a quem não conhece, o jogo de bola que vai além das quatro linhas. E também mostrar como o ludopédio nunca foi, é ou será, como muitos pensam, totalmente alienado e alienante. Pois bem. Ampliando a resposta, o objetivo destas linhas é expor como o desprezo de muitos intelectuais – tanto conservadores quanto progressistas – para com o futebol não passa de preconceito. Como escreveu o também uruguaio Eduardo Galeano, em Futebol ao Sol e à Sombra, para os dois lados a devoção à bola não passa de algo que pode alienar o povo. Os primeiros veem no esporte uma chance de dominar. Os outros, um impeditivo aos avanços das lutas populares. Isso se repete entre os governantes. Tanto líderes de direita quanto de esquerda se aproveitam desse pensamento, vendo o jogo de bola como exemplo maior da política do pão e circo. Todos, porém, acabam usando a popularidade do esporte para seus projetos de poder. Tem sido assim ao longo da História. Apesar disso, com o passar do tempo alguns atletas, torcedores e até mesmo certos clubes não se furtaram e ainda não se omitem em demonstrar que esse uso político – ou politiqueiro, como prefiro dizer – não passa de uma das peças do jogo. Para eles, ao ir além das canchas, é possível fazer do futebol um aliado nas lutas democráticas, no enfrentamento aos poderosos, na defesa dos direitos e na busca por uma vida melhor para todos. O que será tratado a partir desta edição também é de interesse de quem gosta de futebol mas acha que ele não deve se misturar com política. Bem como daqueles que já o enxergam como algo mais do que apenas um esporte. As origens Para começar, vamos voltar no tempo, aos primórdios do jogo de bola. Diversas civilizações, ao longo dos séculos, tiveram esportes ou cerimônias que se assemelhavam ao futebol de hoje, criado pelos ingleses em 1846 – mesmo ano em que inventaram o rugby, aliás, partindo de uma mesma prática desportiva.  Dois anos depois de nascido o novo jogo, foi elaborado, na Universidade de Cambridge, seu primeiro conjunto de regras, conhecido até hoje como Código Cambridge. As normas acabaram adotadas pela Football Association – a primeira federação do esporte – em 1863, e são usadas, com poucas mudanças, ainda hoje, 157 anos depois dos primeiros gols. Surgido dentro dos colégios e universidades da ilha britânica, ou seja, no seio da elite, o jogo não tardou a se popularizar. Vêm, talvez, daí, […]

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