H2O Films/DivulgaçãoUm dos maiores sucessos do teatro brasileiro nos anos 1990, Pérola chega ao cinema em uma adaptação dirigida pelo ator Murilo Benício. No filme que estreia nesta quinta-feira (28/9), a atriz Drica Moraes brilha como uma mãe de personalidade forte e solar que comanda o funcionamento de toda a família e tenta estabelecer uma relação mais próxima com o filho jovem – o futuro dramaturgo Mauro Rasi, morto em 2003.
No teatro, quem interpretou com aclamação de público e crítica a protagonista foi Vera Holtz, que neste ano levou o Kikito de melhor atriz no Festival de Gramado por seu papel no filme Tia Virgínia (2023) – no qual também interpreta uma personagem cujo caráter marcante destaca-se no meio familiar. Nessa comédia dramática memorialística, a notícia da morte da mãe serve de pretexto para que Mauro (Leonardo Fernandes) acione as lembranças de infância e juventude em Bauru, no interior de São Paulo, em que a figura exuberante de Pérola (Drica) enchia a casa e as vidas dos parentes e amigos.
Depois da aplaudida estreia na direção com Beijo no Asfalto (2017), Benício volta novamente a assinar uma adaptação teatral – desta vez trocando a tragédia suburbana de Nelson Rodrigues pela comédia dramática nostalgicamente provinciana de Rasi. “É um filme com o qual qualquer pessoa consegue se relacionar. Fala da família, do amor e da vida”, define o diretor.
O roteiro de Pérola acerta ao reproduzir no cinema o tom caloroso e saudosista com que a peça evocava o cotidiano e o imaginário da classe média brasileira dos anos 1960 e 1970, particularmente aquela que vivia mais afastada da realidade das grandes cidades, sonhando com ascensão social, mas sem conseguir se desvencilhar das referências culturais e comportamentais tradicionais e pequeno burguesas – um retrato familiar com o qual grande parte do público do filme decerto pode se identificar.
Um dos destaques de Pérola são as ótimas atuações do elenco – que inclui nomes como Rodolfo Vaz, Valentina Bandeira, Cláudia Missura, Lavínia Pannunzio, Louise Cardoso e Gustavo Machado. O filme, no entanto, é todo de Drica Moraes, que entrega na tela talvez a melhor interpretação de sua carreira.
Carregando no divertido sotaque paulista interiorano, a atriz domina a cena o tempo todo, encarnando uma encantadora e irresistível Pérola – bem-humorada e generosa, mulher vaidosa e mãe devotada, figura controladora e com um fraco por caipirinhas, cuja maior ambição era ter uma casa grande com piscina e ver o filho advogado. Mauro Rasi não foi atrás do anel de rubi de causídico que ela tanto almejava, mas em compensação escreveu uma comovente homenagem a Pérola – uma mãe que era uma peça.
Pérola: * * * * *
COTAÇÕES
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