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O Festival de Gramado está nas telas

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O Festival de Gramado está nas telas
De algumas edições para cá, o Festival de Cinema de Gramado vem sanando um problema que muito contribuía para seu distanciamento com o público: a demorada janela de tempo entre a exibição dos filmes na competição e a estreia dessas obras no circuito comercial. Os cinéfilos que não tivessem assistido na Serra aos longas e curtas do certame tinham que se conformar em esperar meses e até anos para poderem conferir esses títulos nos cinemas – não raro, os filmes premiados de Gramado sequer entravam em cartaz algum dia, permanecendo inéditos nas salas e fora do alcance do espectador comum. Felizmente, esse cenário tem mudado: são cada vez mais corriqueiras as estreias nos cinemas de títulos exibidos e premiados em Gramado, não raro poucas semanas ou mesmo dias após a competição – incluindo produções estrangeiras, que até pouco tempo atrás dificilmente encontrariam espaço no mercado brasileiro. Menos de uma semana depois do final do festival serrano, os porto-alegrenses têm a oportunidade de assistir a três dos melhores – e mais premiados – filmes dessa 46ª edição: os brasileiros Ferrugem e Benzinho e As Herdeiras, coprodução internacional encabeçada pelo Paraguai. Além da alta qualidade, esses trabalhos aproximam-se entre si pela busca em esboçar retratos sociais e comportamentais que questionam a realidade e os valores do mundo no qual suas histórias estão ambientadas. Após fazer sua estreia mundial na mostra competitiva World Cinema, do Festival de Sundance 2018, e ser exibido em diversos festivais ao redor do mundo, Ferrugem, de Aly Muritiba, disputou a competição em Gramado, de onde saiu com três Kikitos: melhor filme, roteiro (Jessica Candal e Muritiba) e desenho de som. O longa impacta ao tratar de forma crua temas como abuso virtual e bullying entre adolescentes, mostrando as consequências terríveis e complexas que esses comportamentos podem acarretar nas vítimas e nos agressores, nos jovens e nos adultos. Ferrugem é dividido em duas partes: na primeira, a estudante de ensino médio Tati – interpretada pela ótima estreante Tiffanny Dopke – vê sua rotina normal ser brutalmente sacudida depois que um vídeo íntimo feito por ela com o namorado é vazado nas redes sociais. Logo, Tati vira alvo de deboche de virtualmente todos na escola, levando a garota a afundar-se em vergonha e angústia. O segundo ato foca em Renet (Giovanni de Lorenzi), introspectivo colega com quem Tati estava começando a se relacionar quando o escândalo eclodiu. Acompanhado do pai (Enrique Diaz), que também é professor da escola, da irmã mais nova e de um primo, Renet vai passar uns dias na praia depois do episódio envolvendo Tati. Lá, vai se confrontar com sentimentos conflitantes e com a relação conflituosa com a mãe (Clarissa Kiste), que se divorciou e saiu de casa. Diretor de curtas documentais elogiados e do premiado longa de ficção Para Minha Amada Morta (2015), Aly Muritiba explica que Ferrugem é uma história sobre medo, insegurança, crescimento e misoginia: – Como realizador que já foi professor de ensino médio e que é pai de um adolescente, me […]

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