Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes no ano passado, O Orfanato (2019), mais recente longa da diretora Shahrbanoo Sadat – uma das novas vozes do cinema afegão –, estreia no Brasil direto no streaming nesta quinta-feira (3/12), no Now e Vivo Play. A história gira em torno de Qodrat, jovem de 15 anos fã dos extravagantes filmes indianos de Bollywood que misturam ação, romance e musical na mesma trama. O garoto vive nas ruas de Cabul, no final dos anos 1980, vendendo ingressos de cinema ilegalmente e sonhando acordado com algumas de suas cenas favoritas dos filmes a que assiste.
Um dia, Qodrat é levado pela polícia para um orfanato controlado pelo governo afegão, pró-soviético. Lá, o protagonista vai fazer amigos e rivais, exercitar a camaradagem, sofrer e confrontar o bullying, jogar futebol, brincar com munição deixada para trás pelos soldados russos e até viajar para a URSS nos estertores do regime comunista. Mas a situação política está mudando no Afeganistão com o avanço dos mujaidines, rebeldes muçulmanos fundamentalistas prestes a tomar o poder – deixando Qodrat e as outras crianças do lugar apreensivas quanto ao futuro do orfanato.
Distribuído no Brasil pela Supo Mungam Films, O Orfanato é a segunda parte de uma pentalogia planejada pela diretora Shahrbanoo Sadat, iniciada com Lobo e Ovelha (2016) e inspirada no diário não publicado de Anwar Hashimi – escritor que interpreta o supervisor do orfanato. No longa, a realizadora evoca com sensibilidade o mundo interior do protagonista – interpretado com vivacidade pelo jovem ator estreante Quodratollah Qadiri – e o turbulento clima político do Afeganistão na época, narrando um conto humanista com uma pitada de fantasia e humor.
Misturando realismo com inusitadas cenas inspiradas no estilo musical de Bollywood, a cineasta Sadat – a mais jovem selecionada para a residência da Cinéfondation do Festival de Cannes, com 20 anos na época, mesma idade em que ela entrou em um cinema pela primeira vez – conta em O Orfanato uma fábula sobre o amadurecimento, tendo como pano de fundo a história recente do Afeganistão.
“Sua história me levou a uma jornada pela historia do Afeganistão nos últimos 40 anos, do ponto de vista inocente de um órfão. Ele era uma criança presa a uma guerra que não era sua. É exatamente o que sinto vivendo hoje no Afeganistão. O orfanato é um dos poucos lugares em todo o país onde todos vivem juntos, não importa a religião ou etnia”, observa a diretora, que ganhou o prêmio principal na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes em 2016 com o anterior Lobo e Ovelha.
O Orfanato: * * *
COTAÇÕES
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