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Três (ou mais) perguntas para Adriana Calcanhotto

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Três (ou mais) perguntas para Adriana Calcanhotto
Artística e animicamente instigada pela imposição do isolamento social da pandemia do novo coronavírus, Adriana Calcanhotto compôs sem parar e pariu um disco lançado nesta sexta (29/5). O ótimo SÓ canções da quarentena reúne nove músicas, todas feitas durante esse período de afastamento do mundo exterior. Quem encabeçou a produção junto a Adriana foi o compositor Arthur Nogueira, contando com a participação músicos instalados em suas casas em São Paulo, Rio, Belém, Salvador, Orlando e Tóquio. Trata-se de um legítimo tour de force da cantora e compositora: o álbum foi todo composto, produzido, gravado e mixado em 43 dias, entre 27 de março e 8 de maio – a ficha traz até a hora em que cada canção foi escrita, junto ao dia. Na entrevista exclusiva a seguir, Adriana comenta sobre o desafio de compor uma música até a hora do almoço, suas influências musicais, as saudades de Coimbra e como vê o Brasil daqui para frente. Produzir e gravar com outros músicos à distância não é uma novidade para você. O atual momento do distanciamento social, porém, elevou uma circunstância eventualmente opcional à condição de incontornável. Do ponto de vista artístico, o que essa separação obrigatória significou no seu processo criativo? O que a quarentena faz é intensificar a velocidade dos sentimentos. Um dia você está fechado, escondido, no outro você está mais motivado, isso ficou muito veloz. Todo dia eu acordava e fazia uma nova canção. Todas as músicas tinham esse mesmo plano de fundo, a pandemia, o pandemônio, essa insegurança quanto ao futuro, mas as coisas foram acontecendo muito ligadas ao próprio dia. Por falar nisso, por mais que você seja uma artista disciplinada, a maneira como o disco foi concebido teve um rigor talvez inédito em sua trajetória. Essa autoimposição responde a qual urgência? Você pretende realizar outros projetos com características semelhantes de formato? De fato, eu nunca tinha composto uma música atrás da outra dessa maneira. Quando eu escrevi para a universidade e decidiram fechá-la, ficou claro para mim, não tem Coimbra, vou ficar em casa, é quarentena. Eu me dispus a acordar todos os dias e fazer uma música. Uma sensação de urgência mesmo, de fazer alguma coisa, de agir. Pretender eu não pretendo, por enquanto, mas não dá para saber. O conjunto de canções ilumina estes tempos de isolamento de distintos ângulos: da crônica social e de costumes de Ninguém na Rua e O que Temos à melancolia romântica em Tive Notícias, passando pela crítica política de Sol Quadrado. O tom geral, no entanto, é positivo e propositivo. Você acha que efetivamente estamos aprendendo a de alguma forma virarmos pessoas melhores por causa da pandemia? Algumas pessoas vão fazer desse momento uma coisa boa, sim, sem dúvida. Outras vão ficar tentando voltar para o que era, o que já é impossível. Infelizmente, outras seguirão sendo péssimas em qualquer circunstância. O álbum começa com referências ao funk em Ninguém na Rua e abraça totalmente o batidão com Bunda Lê Lê. O que mais atrai […]

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