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Um dia, um disco: “CLOSE TO YOU (AND MORE)” (1957) – FRANK SINATRA, NELSON RIDDLE, HOLLYWOOD STRING QUARTET, Estados Unidos

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Um dia, um disco: “CLOSE TO YOU (AND MORE)” (1957) – FRANK SINATRA, NELSON RIDDLE, HOLLYWOOD STRING QUARTET, Estados Unidos
Hoje vamos ao país sem nome: Estados Unidos da América. Uma vez um amigo diretor de teatro, que trabalhou com todos os grandes, me explicou o Paulo Autran: tem um jeito “certo” de dizer um texto. Era o Paulo. O resto é tentar chegar nisso ou buscar outros jeitos. Frank Sinatra é isso: impossível fazer melhor. Eu sempre separo grandes cantores – os que têm altíssima a excelência musical – e grandes intérpretes – os que, como atores que todos intérpretes são, seja na música, no teatro ou no cinema, focam no texto, no apropriar-se do que a canção está dizendo. Geralmente as pessoas são mais uma coisa ou outra. Aí vem uma Elis, uma Mercedes Sosa ou um Sinatra, e eleva a discussão a níveis estratosféricos, intérpretes e cantores de igual e máxima excelência. Mas o que escolher do Francis Albert, que viveu de 1915 a 1998, cantou por sete décadas, e gravou discos solo de 1946 a 1994? (E ainda começou profissionalmente bem antes, como crooner das orquestra de Harry James e, principalmente, Tommy Dorsey: “Eu aprendi a cantar com o trombone de Tommy”, o que ajuda a entender o quanto de cores e timbres pode ter sua voz, sem nunca perder aquele atrombonado veludo em seu timbre de barítono.) A escolha óbvia de disco poderia ser o sempre citado In the Wee of Small Hours (1955), que o trouxe de volta direto ao topo depois de um período livin’ la vida loca en Los Angeles. Mas eu acho meio chato. Poderia ser Songs for Swingin’ Lovers, que no ano seguinte inventou o “público jovem”. Ou o espetacular Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim (1967), que juntou o maior cantor e o maior compositor de música popular então vivos no planeta – Cole Potter tinha morrido em 1964. Mas vou neste aqui, menos conhecido, que é o que tu precisa no meio do Apocalipse. Não é, como título insinua, um disco de voz e quarteto de cordas. Mas é quase isso: como se voz e quarteto fossem um concertino barroco: aquele grupo de instrumentos que é solista acompanhado pela orquestra. Tudo colorido pelas mãos de um dos arranjadores preferidos de Sinatra e, já que falamos nele, também de Jobim: Nelson Riddle. No total, é uma orquestrinha de câmara: além das cordas, flauta, clarinete, trompete, trompa, harpa e piano. Nada de bateria, baixo, guitarra. No repertório, só baladas matadoras de gente como Rodgers e Hart, Johnny Mercer e até uma parceria Truman Capote/Harold Arlen, a comovente Don’t Like Goodbyes. Mas a minha preferida é I Couldn’t Sleep a Wink Last Night (Adamson / McHugh), uma canção-telefonema de dia seguinte que é uma daqueles pontos altos de realização da canção popular, onde tu acredita – e claro que muito mérito é da genial interpretação não-interpretação – que aquilo não é arte, é vida. Ah, Sinatra, que grande Paulo Autran você era! Escute o disco Close to You (And More) aqui.

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