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Um dia, um disco: “LLEGÓ LA BANDA” (2006) – PUERTO CANDELARIA, Colômbia

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Um dia, um disco: “LLEGÓ LA BANDA” (2006) – PUERTO CANDELARIA, Colômbia
2006. Mercado de Música da Bahia, vou com meu amigo argentino Roberto di Lorenzo assistir a uma banda instrumental colombiana que todo mundo tava falando que era imperdível. Quando entram no palco com aquele figurino – o da capa deste disco -, quebrando o que se espera de um grupo “de jazz”, eu já gostei. Quando vi a formação: sax soprano, trombone, piano, baixo e dois percussionistas – um no bumbo, outro na caixa e prato, sem bateria -, gostei mais ainda. Começaram a tocar e meu pasmo se misturava com euforia. Tinha as coisas que eu mais gosto na vida: se entendia a tradição musical de onde vinham, as composições eram magníficas, elaboradissimas, cheias de dissonâncias e esquisitices e,em cima de tudo isso, muito bom humor. Sabe Thelonious Monk? Pois é. Pensei: somos irmãos de alma. É quando o meu amigo vira pra mim e diz: “Arthur, es tu grupo, pero con un pianista bueno, jejejjejejee!¡!”. Realmente, se o então na ativa Arthur de Faria & Seu Conjunto fosse colombiano e tivesse um puta pianista, soaria parecido com o Puerto Candelaria – até tentamos fazer uns shows juntos, mas isso é outra história. Vocês sabem como é raro rir num show de música instrumental. Pois eu duvido que tu não ria em vários momentos, como Llegó la Banda, em que eles fazem homenagem às bandas de sopro de Medellín, imitando sua sonoridade. E é raro um pianista que soe original dentro do idioma do “jazz” no século 21. Pois o Juancho Valencia – também compositor e arranjador de tudo – consegue. Medellín, a cidade que os viu nascer em 2000, tem uma cena jazzística doida e variada. E é um dos núcleos culturais de um país que é muito mais diverso do que a gente imagina. Tá bom que a gente é brasileiro, então isso é banal pra gente, mas tem pelo menos quatro Colômbias, bem diferentes: a amazônica, a caribenha, a do Pacífico e a Andina. Medellín e Bogotá ficam aí, nessa última. E eu nunca fui pra lá – quero muito -, mas todo mundo diz que não é acaso que o realismo mágico tenha nascido no país. Ouvindo as bandas de Medellín a gente tem uma ideia. E os Candelarios ainda misturavam isso com a sua afiliação ao “folclore imaginário”, quase-movimento que deu muita coisa legal no jazz europeu da virada do milênio. Só pra avisar, a banda hoje é bem popular, incorporou uma cantora, e focou na cumbia. Não tem quase nada a ver com os primeiros discos, como esse. Mas segue divertidíssima. Escute o disco Llegó la Banda aqui.

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