Artigos

Um dia, um disco: “LOTTE LENYA SINGT KURT WEILL” (1955), Alemanha

Change Size Text
Um dia, um disco: “LOTTE LENYA SINGT KURT WEILL” (1955), Alemanha
Alemanha, nestes tempos, tinha de ser o Kurt Weill, e o Weill da parceria com o Brecht, que durou apenas seis anos (1927 – 1933), mas foi fundamental para a construção musical (e teatral) do século 20. Em plena ascensão do nazismo, naquele país do final da república de Weimar ao qual cada dia o Brasil mais se parece. E, de toda a obra do Weill, tinha de ser algumas das canções dos musicais que escreveram juntos, Brecht e ele, como Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny ou a Ópera dos Três Vinténs, tão atuais. E cantadas em alemão pela Lotte Lenya, claro, com quem o Weill foi casado não uma, mas DUAS vezes (com um divórcio no meio), e que sempre foi sua melhor intérprete da fase alemã – eles fugiram do nazismo em 1933 quando Hitler chegou ao poder (e não só porque Kurt era judeu). Acabaram se estabelecendo em Nova York, onde ele conseguiu se reinventar como compositor da Broadway – só uma canção, pra vocês entenderem do nível de que eu tô falando: Speak Low -, sem nunca abandonar sua carreira anterior a tudo, que era a de compositor de música de concerto. Aliás, pouca gente conseguiu escrever, como ele, música erudita e popular com a mesma excelência. Morreu de ataque cardíaco, aos 50 – nasceu em 1900. Lotte seguiu gravando discos com sua obra, como esse, de 1955. Já o repertório de canções de Kurt nunca mais parou de ser gravado e regravado, em todas as línguas – em português, maravilhosamente, pela Cida Moreira. O tamanho da influência da sua obra “popular” – a erudita, que é foda também, é muito menos conhecida – é gigantesca. Caras como o Tom Waits ou o Nick Cave, por exemplo, seriam totalmente outros artistas se não tivessem tomado contato com essas canções, essa sonoridade, esse modo de contar uma história que Kurt tinha – em especial nesses curtos anos com Brecht, mas até o final da vida. Die Moritat virou standard de jazz depois que o Louis Armstrong gravou como Mack, the Knife. E seu cancioneiro estadunidense foi gravado por todo mundo, de Sinatra, Sarah Vaughan e Nat King Cole pra baixo. Escute o disco Lotte Lenya Singt Kurt Weill aqui.

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

RELACIONADAS
PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?