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Um dia, um disco: “RAY LEMA, PROFESSEUR STEFANOV ET LES VOIX BULGARES DE L´ENSEMBLE PIRIN´” (1992), Congo e Bulgária

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Um dia, um disco: “RAY LEMA, PROFESSEUR STEFANOV ET LES VOIX BULGARES DE L´ENSEMBLE PIRIN´” (1992), Congo e Bulgária
Congo e Bulgária. Sincretismo pouco é bobagem. Não chega a ser a mistura do Brasil com o Egito, mas esse disco do Ray Lema com um coro de mulheres búlgaras dirigidas pelo professor aí é uma obra-prima que poderia não ter dado certo. Lema é um craque. Conheci o trabalho dele num show em Porto Alegre nos anos 1990. Era um show de canções meio africanas meio eruditas, piano, voz e um percussionista que tocava um único tambor. Fiquei besta. Catei uns discos dele que tinham esse clima, e um de peças para orquestra, The Dream of the Gazelle, é a coisa mais linda do mundo. Só que daí fui ouvindo outras coisas dessa figura rara nascida em 1946 no então Congo Belga. O cara começou como concertista de piano, daí pirou o cabeção com o Hendrix e foi tocar guitarra. Virou etnomusicólogo nos anos 1970, ao mesmo tempo em que dirigia o Balé Nacional do Congo. Em 1979, mudou-se pros Isteites e gravou seus primeiros discos… De pop black anos 1980! Uns poucos anos depois radicou-se em Paris, onde começou a misturar essas trocentas coisas que já tinha feito e transformou-se num dos grandes nomes do sempre discutível rótulo de world music, alternando discos de canções e instrumentais. O mais recente, Transcendance, de 2018, é um festival de suingue virtuoso no universo do “jazz africano”. Mas escolhi esse aqui, de 1992, porque acho que tem duas coisas que a gente precisa nessa pandemia: encantamento/ascensão espiritual e balançar a raba varrendo a casa. Serve pra ambas as coisas. E tem essas maravilhosas cantoras que fazem parte do Folklore Ansambal Pirin, orquestra/balé de música folclórica búlgara fundado em 1954. Não consegui descobrir em quantas línguas eles cantam, nem se todas as canções são folclóricas – mas acho que algumas sim – ou do Ray Lema (acho que também algumas). Mas se tu gostar desse vale também passear pelos 25 discos do cara – tem até um com a Jazz Sinfônica Brasil. E claro que eu mandei esse link pro André Abujamra, que, se fosse preto e congolês – duas coisas que ele adoraria -, talvez fizesse um disco bem parecido com esse. Escute o disco aqui.

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