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Um dia, um disco: “ROSENSFOLE” (1989), AGNES BUEN GARNÁS e JAN GARBAREK, Noruega

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Um dia, um disco: “ROSENSFOLE” (1989), AGNES BUEN GARNÁS e JAN GARBAREK, Noruega
Terra da gravadora dos meus sonhos de moço: a ECM. Terra do Jan Garbarek, e suas histórias se confundem. Queimei pestana sobre qual disco escolher do Garba/ECM. Podia ser algum dos que ele fez com o Egberto. Podia ser “o da foto da janela”, primeiro que eu e muitos brasileiros ouvimos dele. Podia ser o mega-sucesso com os cantos gregorianos do Hilliard Ensemble. Acabei escolhendo esse. Mais do que tudo, porque acho que esse tem o poder de baixar nossa ansiedade quarentenal/apocaliptica. Segundo, porque é o primeiro dos dois discos que ele fez com essa parceira também norueguesa, e com repertório idem: só canções medievais de lá. E terceiro porque é um disco feito por um músico de “jazz” que NÃO É jazz. Tipo da coisa que me interessa. Aliás, ele toca todos os instrumentos, e fica bem evidente com quem aprendeu percussão – pra quem não sabe, tem MUITOS discos do Garbarek com o pernambucano Naná Vasconcelos. A única coisa a lamentar é que quase não aparecem aqueles saxes inconfundíveis desse músico genial que, aos atuais 73 anos, segue tendo de tocar SÓ UMA nota pra quem a gente saiba que é ele. Sua parceira no disco, a Agnes Buen Garnas, também nascida em 1946, tem uns 25 discos lançados desde 1975, a maior parte deles de música tradicional norueguesa. Já o Garba tem uma discografia gigantesca. Só álbuns solo são 35 (a partir de 1967), 33 deles pela ECM – desde o nascimento da gravadora. Mais outros tantos como sideman de carinhas como Ralph Towner, Miroslav Vitous, Gary Peacock, Trilok Gortu. E, claro, os sete discos em que foi o saxofonista do quarteto europeu – na verdade, escandinavo – do Keith Jarrett.] Ouve esse disco aqui – cujo LP, importado, difícil de conseguir, hoje facinho de ouvir, eu quase gastei. Mas depois vai ouvir outros Garba, que o cara é variado pacas, e um dos criadores do conceito de free jazz europeu, bem menos barulhento – o que não o torna melhor nem pior – que o americano. Me confirmem os amigos jazzistas, mas acho que essa sonoridade que a turma da ECM construiu é a maior contribuição não-americana ao jazz. Das que vieram da Europa, acho que não tem dúvida, né? (P.S. sobre o disco: sim, alguns timbres de teclado envelheceram. Nós também.) Escute o disco Rosensfole aqui.

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