Artigos | Cinema

Mito e realidade misturam-se em “A Última Floresta”

Change Size Text
Mito e realidade misturam-se em “A Última Floresta” Foto: Pedro J. Márquez/Divulgação

Um dos mais premiados filmes brasileiros da recente safra, A Última Floresta (2021) estreia nos cinemas do país nesta quinta-feira (9/9). Dirigido por Luiz Bolognesi – realizador do documentário Ex-Pajé (2018) –, o longa ganhou o prêmio do público na mostra Panorama no 71º Festival de Berlim. Agora, A Última Floresta acaba de conquistar dois novos prêmios: Melhor Documentário no Festival Zeichen der Natcht, também na capital alemã, e o Prêmio Artístico de Melhor Obra no Festival dos Povos Originários, em Montreal, no Canadá.

“Esse prêmio é muito importante não só para nós que fizemos o filme, mas para o cinema brasileiro e, sobretudo, para a imagem dos povos indígenas, dos povos ianomami, que estão sob ataque neste momento, lutando contra uma invasão de mais de 20 mil garimpeiros ao seu território. É fundamental que a imagem do filme rode os países e o planeta para que a gente possa fazer pressão para a retirada desses invasores ilegais tanto das terras dos ianomamis como das terras dos munduruku. Esse prêmio significa que o mundo está de olho, e eu espero que o governo brasileiro cumpra a Constituição e retire esses invasores da terra legalmente constituída e de direito dos ianomami. É urgente que a gente pare o genocídio indígena imediatamente”, disse na época em que o filme foi premiado no Festival de Berlim o realizador Bolognesi – que assina o roteiro do filme ao lado do xamã e líder político ianomami Davi Kopenawa.  

A Última Floresta retrata o cotidiano de um grupo ianomami isolado, que vive em um território ao norte do Brasil e ao sul da Venezuela há mais de mil anos. O xamã Davi Kopenawa Yanomami busca proteger as tradições de sua comunidade e contá-las para o homem branco – que, segundo ele, nunca os viu, nem os ouviu.

Foto: Pedro J. Márquez/Divulgação

Enquanto Kopenawa tenta manter vivos os espíritos da floresta, ele e os demais indígenas lutam para que a lei seja cumprida e os invasores do garimpo sejam retirados do território legalmente demarcado. Mais de 10 mil garimpeiros ilegais, que invadiram o local em 2020, derrubam a floresta, envenenam os rios e espalham covid-19 e outras doenças entre os indígenas.

O choque de visões de mundo eclode na tela: enquanto os jovens ficam encantados com os bens levados para a floresta pelos brancos, a indígena Ehuana, cujo marido desapareceu misteriosamente, tenta entender o que aconteceu a partir de interpretações dos sonhos que têm.

A narrativa de A Última Floresta destaca-se pela fluidez, misturando imagens documentais com reencenações em que os personagens interpretam a si mesmos e dramatizações de histórias e mitos indígenas – transformando a floresta e a aldeia em espaços mágicos onde convivem realidade e sobrenatural.

Foto: Pedro J. Márquez/Divulgação

Foto: Pedro J. Márquez/Divulgação

Foto: Pedro J. Márquez/Divulgação

A Última Floresta: * * * *  

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de A Última Floresta:

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?