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“Depois de Ser Cinza” vai de Porto Alegre à Croácia em busca do amor

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“Depois de Ser Cinza” vai de Porto Alegre à Croácia em busca do amor Leonardo Maestrelli/Divulgação

Estreia no longa-metragem de ficção do diretor Eduardo Wannmacher, o drama Depois de Ser Cinza (2020) é narrado a partir das experiências de três mulheres que se envolveram com um mesmo homem. Transitando entre o Brasil e a Croácia, o filme faz um retrato dos relacionamentos contemporâneos em um mundo em que as fronteiras estão cada vez mais borradas.

Com roteiro de Leo Garcia, Depois de Ser Cinza revela aos poucos os sentimentos e as incertezas de Raul (João Campos) a partir das experiências amorosas que o jovem antropólogo teve com um trio feminino com personalidades e trajetórias de vida bastante distintas: a artista visual Isabel (Elisa Volpatto), a colega de estudos Suzy (Branca Messina) e a psicanalista Manuela (Silvia Lourenço). Na trama, essa ciranda de afetos gira em torno de Porto Alegre e das cidades croatas Zagreb, Zadar e Dubrovnik. “Um filme sobre os movimentos que fazemos ao longo da vida”, define o realizador.

“As pessoas fazem escolhas que culminam em transformações pessoais, profissionais e emocionais. É uma história de quatro pessoas que trazem bagagens distintas, que permitem diferentes identificações. O inconformismo que move a história de cada um e cada uma reforça a jornada emocional que está presente na obra”, compelta Wannmacher.

Leonardo Maestrelli/Divulgação

Um dos destaques de Depois de Ser Cinza é a atuação do trio de atrizes que interpreta personagens marcantes. Elas tomaram decisões sobre toda a construção física e emocional das protagonistas. Com isso, surgiram mudanças e improvisos ao longo das filmagens, o que é estimulante e traz vida para o filme. A liberdade criativa impacta na interpretação e aparece na tela. Acima de tudo, busquei criar um ambiente de confiança e diálogo com elas, durante todo o projeto”, explica o cineasta.

Wannmacher diz que foi convidado para o filme pelo produtor Frederico Mendina, e trabalhou com o roteirista Leo Garcia na construção do projeto há mais de 15 anos: “Dirigir um filme a partir de outro roteirista é sempre complexo, pois ambos têm visões diferentes. Eu fui moldando o roteiro durante a escrita, mas sempre respeitando a essência do que foi criado pelo Leo Garcia. Os personagens são dele e a trama também. E, durante a filmagem, o roteiro toma vida e voa por conta própria, pois envolve outras pessoas a partir daí”.

Garcia conta que um dos maiores desafios do roteiro foi a construção do ponto de vista das três personagens femininas: “Muitas mulheres leram o roteiro e ajudaram nesse processo, tanto nas situações macro quanto nos detalhes. Importante salientar que quando eu estou criando e desenvolvendo personagens, me esforço para me colocar na pele delas, tentar entender profundamente como reagiriam em determinadas situações-limite, que é quando revelam quem realmente são. É claro que quanto mais uma personagem difere de mim, seja no gênero, etnia, caráter, profissão, mais será um processo complexo”.

Leonardo Maestrelli/Divulgação

A rota de Raul e Isabel na Croácia parte de uma viagem do próprio Garcia, que havia feito o mesmo trajeto enquanto escrevia o longa. “Eu sempre imaginei o primeiro capítulo do filme acontecendo em algum país longínquo, não tão conhecido, onde dois brasileiros despedaçados emocionalmente se encontrariam quase que por acaso. Meu pai me comentou sobre uma das cidades mais bonitas que ele tinha visitado, chamada Dubrovnik, no sul da Croácia. Vi umas fotos, e em abril de 2010 fui para lá e fiz exatamente o trajeto que os personagens fariam. Não tenho dúvidas que vivenciar tudo aquilo foi fundamental para entender o clima da história e as transformações que as personagens passariam”, justifica o roteirista.

Outro aspecto fundamental do filme é a montagem, assinada por Bruno Carboni, que construiu a narrativa com idas e vindas no tempo e no espaço a partir do roteiro – que já era não-linear. “Ele definiu muitas questões narrativas e significados do filme. A montagem do Depois de Ser Cinza traz desafios para o público, que precisa juntar algumas peças e entender que a linha de tempo não é decisiva para a compreensão da história, mas sim a jornada emocional que está na obra”, diz Wannmacher.

Leonardo Maestrelli/Divulgação

Depois de Ser Cinza: * * *

COTAÇÕES

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Assista ao trailer de Depois de Ser Cinza:

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