Artigos | Cinema

“Emily” ecoa a voz indômita de uma mulher genial

Change Size Text
“Emily” ecoa a voz indômita de uma mulher genial Imagem Filmes/Divulgação

Imortalizada por um dos mais célebres romances góticos da história da literatura, Emily Brontë (1818 – 1848) é evocada como se fosse heroína trágica de uma de suas próprias histórias na cinebiografia que leva seu nome. Em Emily (2022), a autora do clássico O Morro dos Ventos Uivantes confronta a sociedade patriarcal da Inglaterra rural de meados do século 19 com seu caráter indomável e criatividade prodigiosa.

Longa de estreia da atriz inglesa Frances O’Connor no roteiro e na direção, Emily é uma ficção histórica sobre a vida e os afetos da protagonista, filha de um sacerdote anglicano e irmã de Charlotte e Anne Brontë, que também tornaram-se escritoras. Emily Brontë é interpretada pela carismática Emma Mackey, atriz franco-britânica conhecida por seu trabalho na série Sex Education.

Imagem Filmes/Divulgação

A trama do filme aproveita as muitas lacunas biográficas na trajetória da personagem central, descrita em muitos relatos como tímida e mesmo arisca, para especular a respeito das relações de Emily Brontë com os familiares – especialmente a rivalidade com a invejosa irmã Charlotte (Alexandra Dowling) e a intimidade quase incestuosa com o instável irmão Branwell (Fionn Whitehead). A chegada à pequena comunidade de William Weightman (Oliver Jackson-Cohen), jovem e belo pároco que chega para auxiliar o patriarca dos Brontë nos serviços religiosos vai despertar em Emily uma paixão intensa, cujos desdobramentos remetem ao enredo de seu posterior O Morro dos Ventos Uivantes – obra-prima que vendeu apenas duas cópias enquanto a escritora era viva.

Imagem Filmes/Divulgação

Emily, aliás, é cheio de referências ao universo ultrarromântico e sobrenatural do único livro publicado pela prosadora e poeta: em uma das passagens mais impressionantes do longa, a protagonista participa de uma brincadeira colocando uma máscara no rosto e falando como se fosse a mãe morta da clã Brontë, assombrando todos os presentes.

Fabulando sobre as atribulações sentimentais e as ambições literárias de Emily Brontë, o filme pinta com cores vívidas e afogueadas o retrato de uma jovem que anseia por liberdade artística e pessoal em uma época na qual as mulheres publicavam geralmente usando pseudônimos masculinos, ambicionando ser uma livre pensadora em uma sociedade dominada por homens e subordinada a preceitos morais e sociais estritos. Nas palavras da biógrafa Claire O’Callaghan, “Emily era um espírito independente num tempo em que a independência feminina não era bem vista culturalmente. É, em parte, por essa razão, que ela é cruelmente descrita como singular e estranha”.

Imagem Filmes/Divulgação

Emily: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Emily:

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?