Inspirado em uma história real, A Casa dos Prazeres (2022) conta a história de uma jovem escritora que resolve escrever sobre as prostitutas em seu novo romance. Para entender como é a vida das profissionais do sexo, a autora francesa decide trabalhar em um bordel em Berlim.
Baseado no best-seller La Maison, da escritora francesa Emma Becker, A Casa dos Prazeres acompanha o mergulho da autora no universo da prostituição – que deveria durar originalmente apenas algumas semanas, mas acaba se estendendo por dois anos. Nos bordéis pelos quais passa na capital alemã, a protagonista adota o pseudônimo Justine – título do célebre romance libertino publicado em 1791 pelo Marquês de Sade.
De um quarto para o outro, do comércio sexual à exploração da fantasia feminina, a protagonista depara com as particularidades desse mundo subterrâneo: os perigos e estigmas, o isolamento da sociedade e a incompatibilidade com uma vida amorosa – mas também a sororidade, a sedução e o empoderamento.
A diretora Anissa Bonnefont coescreveu o roteiro do filme com o roteirista Diastème – segundo ela, porque queria ter uma visão masculina ao seu lado: “Escrevemos cerca de 10 versões do roteiro, mas a primeira era uma tradução muito literal do livro. Percebi gradualmente que precisava me afastar disso, porque o livro não tem uma estrutura dramatúrgica propriamente dita”.
Realizadora dos documentários biográficos Wonder Boy (2019) e Nadia (2021), Bonnefont justifica sua autoralidade em A Casa dos Prazeres: “Eu precisava de uma estrutura narrativa que fosse minha, e precisava rapidamente estabelecer meu personagem principal que em um livro pode levar centenas de páginas para se desenvolver. Eu coloquei meu ponto de vista, como cineasta e mulher, e me apropriei do livro”.
O elenco feminino inclui a atriz e diretora Aure Atika e Rossy de Palma – musa de Pedro Almodóvar conhecida por seu rosto singular de traços picassianos, que atuou em vários filmes do cineasta espanhol como A Lei do Desejo (1987), Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988), Ata-me (1989), Kika (1993) e A Flor do Meu Segredo (1995).
Filha dos atores Hyppolyte Girardot e Isabel Otero, a atriz Ana Girardot encarna com sensibilidade e coragem a personagem principal, emprestando credibilidade ao ousado desafio autoimposto da escritora Emma de prostituir-se para experimentar na carne a realidade do meretrício – descobrindo nesse processo uma dignidade, uma abnegação e uma solidariedade femininas inauditas para quem não consegue ver esse mundo para além da marginalidade e do estereótipo.
A Casa dos Prazeres: * * * *
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