California Filmes/Divulgação
Sucesso no mundo da luta livre no começo dos anos de 1980 nos Estados Unidos, a família Von Erich está no centro do drama Garra de Ferro (2023). O filme escrito e dirigido por Sean Durkin acompanha as trajetórias do quarteto de irmãos, marcadas por triunfos e tragédias.
Em Garra de Ferro, o obsessivo e controlador Fritz Von Herich (Holt McCallany) é um ex-lutador que treina os quatro filhos para que se tornem estrelas do wrestling profissional. Sob o comando do determinado pai, Kevin (Zac Efron), Kerry (Jeremy Allen White), David (Harris Dickinson) e Mike (Stanley Simons) conhecem a glória e a queda nos ringues tentando alcançar a consagração que o pai sonhava para si, mas não conseguiu atingir enquanto lutava.
Sean Durkin conta que, nos anos de 1980 e 1990, em sua infância na Inglaterra, era fã da família de lutadores. “Os Von Erich são chamados de Kennedys dos esportes. Embora haja perdas impensáveis dentro da família Von Erich, o filme não é sobre luto e dor, é sobre a ausência de luto e o que pode acontecer quando as pessoas se recusam a olhar para a sua dor. A história dessa família é um pequeno pedaço da história americana, mas desenterra o alicerce de masculinidade extremamente equivocada e uma mentalidade geracional que prejudicou nossa cultura de maneiras que estamos apenas começando a entender. Parte drama familiar, parte terror gótico e parte filme de esportes, Garra de Ferro é uma verdadeira tragédia grega no coração americano”, argumenta o realizador do drama de suspense O Refúgio (2020).
Zac Efron – que interpreta Kevin, o mais velho e mais famoso dos irmãos – concorda com o diretor sobre a importância dos Von Erich dentro da cultura americana: “Eles tiveram uma ascensão muito rápida e brilharam muito. Eles eram apenas atletas dinâmicos, todos eles. E então coisas terríveis começaram a acontecer”.
Já Jeremy Allen White – protagonista da série O Urso que em Garra de Ferro encarna Kerry, figura marcada por um destino trágico – destaca os aspectos psicológicos da trajetória dessa família singular: “Desde muito jovens, esses meninos podem ter percebido que vulnerabilidade ou honestidade compartilhadas com seu pai seriam imediatamente vistas como um sinal de fraqueza”.
O ator também destaca o companheirismo entre os irmãos, que os Von Herich ajudou em momentos de dificuldades: “Há quase um amor infantil que têm quando estão perto um do outro, e, de repente, é como se fossem crianças de novo. Há algo tão puro e honestamente inocente sobre a maneira como eles se movem no mundo. E então essa inocência é roubada por esse tipo de impulso”.
Um dos trunfos de Garra de Ferro é conseguir reproduzir na tela o entrosamento dos irmãos Von Herich graças às boas atuações e à química entre os atores do elenco – especialmente Allen White e, em particular, Efron, quase irreconhecível sob uma montanha de músculos. No entanto, quem brilha em cena é Holt McCallany na pele do irredutível patriarca que submete a família a sua vontade fatalmente destruidora.
Apesar de aliviar na parte final com um desfecho leve típico de telefilme – incluindo até uma dispensável sequência sentimentalista de inspiração espírita –, Garra de Ferro mantém o pulso tenso da narrativa, pintando com tintas gregas a tragédia americana da queda da casa de Von Herich.
Garra de Ferro: * * *
COTAÇÕES
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