Em meio ao caos político no Brasil de 2016, os secundaristas se unem aos movimentos sociais e tomam as ruas em protestos; em Porto Alegre, um jovem líder estudantil tem de enfrentar dilemas do presente e fantasmas do passado, encarar a transformação em adulto e achar seu lugar na sociedade. Hamlet (2022), premiado longa do cineasta gaúcho Zeca Brito, entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira (7/3), depois de uma série de pré-estreias no cinema.
A produção gaúcha conquistou cinco Kikitos no último Festival de Cinema de Gramado, além do prêmio de melhor direção no Festival Internacional de Cine Documental de Buenos Aires (FIDBA) e menção honrosa no festival português Cine Marginal. “Vejo Hamlet como um ensaio poético/político do golpe de 2016, elaborado com distanciamento histórico, que busca refletir sobre o papel dos movimentos sociais e das lutas estudantis na construção da democracia”, resume Zeca Brito, que também é roteirista e produtor deste que é seu oitavo longa.
O realizador combina os gêneros de ficção e documentário para retratar uma sociedade dividida entre a cartilha ditada pelas elites e a reflexão da própria ação dos movimentos sociais. “Hamlet é um filme híbrido, em que a realidade é interposta por improvisações. Os limites da direção se confundem na dramaturgia criada pelo ator frente ao real, um filme de cumplicidade em benefício da linguagem”, explica o diretor do documentário A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro (2018) e do longa de ficção Legalidade (2019).
Segundo o cineasta, seu filme explora o dilema do existir como ser político em meio à desconstrução da democracia brasileira da segunda metade da década de 2010 até hoje: “A dúvida do protagonista fica entre assumir a ação, tomar as rédeas da vida e escrever o próprio destino ou entregar-se aos rumos da história”.
Rodado em abril de 2016 na capital gaúcha, em preto e branco, Hamlet é protagonizado pelo jovem ator Fredericco Restori e traz no elenco ainda o crítico e ator Jean-Claude Bernardet, o ator e diretor teatral Marcelo Restori (pai de Fredericco) e uma participação especial da ex-presidenta Dilma Rousseff. O roteiro, que cita a célebre peça de Shakespeare sobre o hesitante príncipe dinamarquês do título, leva a assinatura de Zeca Brito e Frederico Ruas.
Hamlet: * * *
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