California Filmes/Divulgação
Em O Homem dos Sonhos (2023), Nicolas Cage está de volta a duas recorrências em sua carreira: a canastrice autoderrisória e os filmes esquisitos. Na comédia de terror escrita e dirigida pelo norueguês Kristoffer Borgli, o astro estadunidense encarna um sujeito comum que leva uma vida banal até que, súbita e misteriosamente, começa a aparecer nos sonhos de pessoas que nem conhece.
Em O Homem dos Sonhos, Paul Matthews (Cage) é um pai de família apático e professor de biologia evolutiva inconformado com relação ao próprio anonimato. Um dia, ele descobre que começou a aparecer nos sonhos de outras pessoas em um ritmo exponencial. Como na vida, a sua presença nesses sonhos é banal e não intrusiva: Paul surge apenas observando as fantasias de estranhos.
Essas aparições oníricas coletivas transformam o protagonista em uma celebridade da noite para o dia, atraindo para si uma atenção da qual nunca foi alvo. Logo, porém, esses sonhos se tornam pesadelos, colocando Paul em situações inusitadas e perigosas, confrontando o personagem o alto preço da fama.
O Homem dos Sonhos tem produção de Ari Aster, diretor dos filmes Hereditário (2018) e Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019), assina a produção de O Homem dos Sonhos para a A24 – produtora conhecida por títulos que misturam terror, drama e humor ácido. Por seu papel no longa, Cage foi indicado ao Globo de Ouro deste ano de Melhor Ator de Comédia ou Musical.
“Eu vejo a ficção como um lugar para investigar aspectos sombrios ou disfuncionais da vida moderna. Há uma tendência muito humana de focar no espaço negativo tudo o que sentimos que está faltando, mesmo quando aparentemente temos tudo. Nós nos tornamos miseráveis na ausência de algum potencial inventado”, argumenta o realizador Kristoffer Borgli a respeito de sua estreia em língua inglesa.
Com uma filmografia que já ultrapassa uma centena de produções, Nicolas Cage não esconde o entusiasmo a respeito de seu trabalho em O Homem dos Sonhos: “Francamente, penso que é minha melhor atuação e provavelmente o melhor filme que já fiz. O Homem dos Sonhos me deu um bom motivo para continuar procurando cineastas jovens e talentosos, e não apenas esperar que os grandes nomes consagrados que todos conhecemos venham até mim”.
Com um currículo pontuado por filmes narrativamente ousados e recheados de autorreferências como Adaptação (2002), O Peso do Talento (2022) e Renfield – Dando a Vida pelo Chefe (2023), entre outros, Cage disse ainda que reconheceu muito de si mesmo no personagem ao ler o roteiro: “Senti que tinha experiência de vida para interpretar esse personagem, em termos de ser alguém que está sob os olhos do público e que teve uma ascensão e queda, da mesma maneira que as pessoas me veem. As pessoas pensam que sabem muitas coisas sobre mim, e o papel foi uma grande oportunidade para onde levar essas memórias, experiências e sentimentos”.
Merecem destaque ainda no elenco de O Homem dos Sonhos a ótima atriz Julianne Nicholson – de filmes como Eu, Tonya (2017) e Blonde (2022) e da minissérie Mare of Easttown –, no papel da paciente esposa de Paul cuja vida também é virada de cabeça para baixo por conta da exposição do marido, e o sempre espirituoso Michael Cera, interpretando desta vez um oportunista dono agência de produção de conteúdo para internet e redes sociais que vê nessa inédita celebridade onírica uma lucrativa oportunidade de ganhar dinheiro.
Diretor do interessante drama de terror Doente de Mim Mesma (2022), Borgli inscreve-se com O Homem dos Sonhos na linha de realizadores do novo terror como o próprio Aster, além de Jordan Peele (Corra!, Nós e Não! Não Olhe!) e Robert Eggers (A Bruxa e O Farol), acrescentando um toque de comédia absurda pós-moderna típica dos filmes escritos ou dirigidos por Charlie Kaufman – como Quero Ser John Malkovich (1999), Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004), Anomalisa (2015) e Estou Pensando em Acabar com Tudo (2020).
O Homem dos Sonhos: * * * *
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