Vitrine Filmes/Divulgação
Exibido no Festival de Berlim deste ano, o sensível drama francês Noites de Paris (2022) entra em cartaz nesta quinta-feira (20/10) nos cinemas brasileiros. Ambientado no começo dos anos 1980, o filme é protagonizado por Charlotte Gainsbourg no papel de uma mulher que tem de encarar a vida com dois filhos adolescentes depois que o marido abandona a família.
Noites de Paris começa mostrando cenas das comemorações das eleições presidenciais francesas de 1981, que elegeram o socialista François Mitterrand e acenaram com um tempo de mudanças e avanços para o país. Mas, para Elisabeth (Gainsbourg), os novos tempos só trazem duros desafios: seu casamento está chegando ao fim e agora ela terá que sustentar a si mesma e o casal de filhos – mesmo sem nunca ter trabalhado antes na vida.
A protagonista acaba encontrando trabalho no programa de rádio noturno comandado pela experiente apresentadora Vanda (Emmanuelle Béart) – local onde sua trajetória vai cruzar por acaso com a da adolescente problemática Talulah (Noée Abita), a quem ela convida para sua casa.
Na companhia acolhedora de Elisabeth e seus filhos Mathias (Quito Rayon Richter) e Judith (Megan Northam), Talulah experimenta o calor de uma família pela primeira vez. Por sua vez, o espírito livre da garota vai influenciar decisivamente os destinos dessa família que tenta se adaptar à nova realidade sem a figura do pai.
O diretor o roteirista Mikhaël Hers conta que, depois de realizar o drama Amanda (2018), queria filmar um longa sobre os anos 1980, período de sua infância: “Dizem que você é um produto tanto de sua infância, como de seu país, e eu queria mergulhar naquele período da minha vida, revisitar imagens e sons. Aquelas sensações e cores que me compõem”.
Apostando na nostalgia e em boa dose de sentimentalismo, Noites de Paris mescla imagens documentais da capital francesa na primeira metade da década de 1980 com algumas cenas ficcionais dos atores filmadas em película Super-8 ou 16mm. A viagem retrô inclui referências a filmes como Um Passeio por Paris (1981), de Jacques Rivette, Os Amantes de Pont-Neuf (1990), de Leos Carax, e, especialmente, o belo Noites de Lua Cheia (1984), do mestre Éric Rohmer – comédia romântica que o trio de personagens adolescentes acaba assistindo no cinema por acidente.
Ainda que não suscite o mesmo envolvimento nem emane o charme desses títulos evocados, Noites de Paris desperta a empatia e, em alguns momentos, até a comoção – graças decisivamente à sensível atuação de Charlotte Gainsbourg como uma mulher no auge de suas potencialidades titubeante diante dos vários e incertos caminhos à sua frente.
Noites de Paris: * * *
COTAÇÕES
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