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O homem que não vendeu sua alma

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O homem que não vendeu sua alma Pandora Filmes/Divulgação

Indicado ao Oscar de 2021 de Melhor Filme InternacionalO Homem que Vendeu Sua Pele (2020), de Kaouther Ben Hania, estreia em circuito comercial no Brasil nesta quinta-feira (7/10). O longa estrelado por Yahya Mahayni, Monica Bellucci, Dea Liane e Koen De Bouw teve uma ótima recepção no Festival de Veneza em 2020, onde foi exibido na Seleção Oficial, premiando o protagonista Mahayni como Melhor Ator.

O Homem que Vendeu Sua Pele acompanha Sam Ali (Yahya Mahayni), um jovem sírio sensível e impulsivo que trocou seu país pelo Líbano para escapar da guerra. Para poder viajar para a Europa e reencontrar o amor de sua vida, a bela Abeer (Dea Liane), que se mudou para a Bélgica, ele aceita ter suas costas tatuadas por Jeffrey Godefroy (Koen De Bouw), um dos artistas contemporâneos mais cultuados do mundo – que desenha um visto de passaporte nas costas do refugiado. Transformando seu próprio corpo em uma obra de arte de prestígio, Sam perceberá, entretanto, que sua decisão pode significar qualquer coisa, menos liberdade.

Pandora Filmes/Divulgação

O sírio concorda em vender suas costas por falta de opções, entrando na esfera hipercodificada da arte contemporânea internacional por uma porta improvável – conduzido pela agente de Jeffrey, a galerista Soraya Waldy (Monica Bellucci). Seu olhar aparentemente ingênuo apresenta esse mundo ao espectador de um ângulo diferente do que o normalmente mostrado pelo sistema das artes. Tornar-se um objeto exposto, vendido e empurrado de um lado para o outro começa a incomodar o orgulhoso Sam – até que o personagem decide confrontar esse universo na tentativa de recuperar a dignidade e a liberdade.

A ideia de O Homem que Vendeu Sua Pele começou a germinar na cabeça da diretora e roteirista tunisiana Kaouther Ben Hania em 2012, quando visitou uma retrospectiva dedicada ao artista belga Wim Delvoye, no Museu do Louvre, em Paris: “Lá eu vi a obra em que o artista tatuou as costas de Tim Steiner, um homem sentado em uma cadeira, sem camisa, exibindo o design de Delvoye. A partir desse momento, essa imagem singular e transgressora não me deixou”.

Pandora Filmes/Divulgação

Pouco a pouco, outros elementos da experiência de vida da realizadora acrescentaram situações e enriqueceram essa imagem. “Uma vez que todos esses elementos vieram juntos, a história parecia pronta e me compeliu a escrevê-la. Um dia em 2014, quando eu estava prestes a editar a enésima versão do roteiro do meu filme anterior, A Bela e os Cães, descobri-me escrevendo sem parar durante cinco dias a história desse filme”, completa Ben Hania.

O Homem que Vendeu Sua Pele retrata dois mundos opostos: o das artes e o dos refugiados. No primeiro, elitista, a afluência material é sinônimo de liberdade; no outro, instável, a luta diária pela sobrevivência é condicionada por acontecimentos e decisões que fogem ao controle dessas pessoas, cativas de uma vida na qual não possuem o privilégio da escolha. É justamente no atrito entre essas duas realidades que o filme propõe uma reflexão sobre afortunados e condenados.

Pandora Filmes/Divulgação

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O Homem que Vendeu Sua Pele: * * *  

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de O Homem que Vendeu Sua Pele:

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