Programa de Alfabetização Audiovisual comemora 15 anos de educação para as imagens
O Programa de Alfabetização Audiovisual completa 15 anos de atividades no dia 15 de abril, viabilizado por recursos do governo federal e realizado na Cinemateca Capitólio e na Sala Redenção por meio de parceria da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura com a Faculdade de Educação da UFRGS.
A iniciativa visa qualificar as relações entre cinema e educação por meio de atividades voltadas sobretudo a estudantes e professores das redes pública – municipal e estadual – e privada de ensino básico, incluindo exibições de filmes, capacitações docentes, assessorias a escolas e seminários. Iniciado na Sala P.F. Gastal, na Usina do Gasômetro, atualmente o programa tem sede na Cinemateca Capitólio.
Pioneiro na formação de público no RS, o projeto explora as possibilidades do audiovisual como ferramenta didática em sala de aula, transformando filmes em matéria-prima para o aprendizado de milhares de estudantes. Neste sábado (15/4), às 9h, o programa exibe a cinebiografia Lupicínio Rodrigues – Confissões de um Sofredor (2022), dirigida por Alfredo Manevy, em sessão gratuita exclusiva para docentes – inscrições aqui.
“Entendemos que as experiências culturais, por meio da sensibilidade, são determinantes no processo de construção da cidadania e do conhecimento. Além disso, é um trabalho de formação de público muito necessário para o audiovisual”, afirma Maria Angélica dos Santos, coordenadora do programa.
“Temos muito o que comemorar, justamente pelo significado de um projeto cultural duradouro, para além do período de uma gestão de administradores”, completa, destacando ainda a importância da formação de um público crítico e emancipado no contexto atual de alta circulação de imagens nas mídias digitais.
A exibição de Lupicínio Rodrigues seguida de debate será reconhecida como atividade de formação dos professores da rede municipal, uma conquista do programa junto à Secretaria Municipal de Educação (Smed). “Em meio a muitas tentativas frustradas, temos sempre a esperança de que a produção cultural da cidade e a construção de conhecimento, competência da Smed, se aproximem e se alimentem”, ressalta Santos.
Segundo ela, a continuidade do projeto, viabilizado há mais de uma década por recursos federais – em dado momento, via Ministério da Educação, e na maior parte do tempo pelo Ministério da Cultura (Minc) –, só foi possível nos últimos quatro anos graças à resistência de servidores federais da Secretaria Especial da Cultura, então vinculada ao Ministério do Turismo, que mantiveram o diálogo com o programa, na contramão do obscurantismo da última gestão federal. “Garantimos um aporte pequeno, mas que nos manteve vivos até o repensar do Minc”, explica Santos.
Com a refundação do Ministério da Cultura e passados os anos mais críticos da pandemia, a equipe do Programa de Alfabetização Audiovisual – formada por servidores da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura e bolsistas universitários – espera uma relação mais efetiva com o governo federal e um financiamento expressivo para retomar, de forma mais vigorosa, a atuação presencial do projeto, que inclui, para além das atividades didáticas, o transporte de alunos e professores às salas de exibição.
“Estamos dialogando com o novo Minc e a Secretaria do Audiovisual através da Diretoria de Formação da nova estrutura do ministério. Esperamos que o financiamento se viabilize logo”, conta Santos.
Programa planeja terceira edição do projeto Cinema Negro na Escola
Durante o período de medidas de isolamento social, o programa ofereceu ferramentas didáticas audiovisuais para utilização em aulas remotas, como o curso Minuto Escola, com foco em edição, montagem e estratégias pedagógicas de vídeos de curta duração.
O programa também realizou duas edições online da mostra Cinema Negro na Escola, que debate a cultura afro-brasileira por meio da exibição de filmes nacionais de curta-metragem com protagonismo negro na direção e atuação, oferece materiais de formação e promove conversas entre realizadores e professores, abordando temas relacionados à produção cinematográfica e à educação antirracista.
Segundo Santos, a ideia é dar sequência ao projeto no segundo semestre de 2023 com uma edição presencial que deve incluir – a depender da efetivação do financiamento do programa – sessões de cinema, seminário e uma publicação impressa.
O Programa de Alfabetização Audiovisual também promove ações que se desdobram ao longo de um ano, envolvendo capacitação para a produção de conteúdos audiovisuais nas escolas e uma mostra que reúne escolas na Cinemateca Capitólio e na Sala Redenção para trocas e debates sobre os vídeos gravados nas escolas.
Outro destaque do programa é a Sessão Vagalume, criada em 2019 e aberta ao público em geral. Realizada sempre no primeiro fim de semana do mês na Cinemateca Capitólio, com ingressos custando 4 (inteira) e 2 reais (meia-entrada), a sessão é voltada ao público infantojuvenil – “crianças de todas as idades”, segundo Santos – e apresenta uma programação alternativa ao circuito comercial hegemônico.
O Programa de Alfabetização Audiovisual incluis ainda visitas guiadas gratuitas com a proposta de apresentar aos espectadores o prédio da Cinemateca Capitólio, erguido em 1928, em que os participantes podem conhecer a sala de projeção e manusear os antigos rolos de filme em película.
Escolas interessadas em participar do Programa de Alfabetização Audiovisual devem entrar em contato pelo e-mail do projeto. Outras informações podem ser obtidas pelo site da Cinemateca Capitólio e nas redes sociais (Facebook e Instagram).