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Menino encara problemas familiares e descoberta da sexualidade em “Softie”

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Menino encara problemas familiares e descoberta da sexualidade em “Softie” Pandora Filmes/Divulgação

Vencedor do prêmio Caméra d’Or no Festival de Cannes com Party Girl (2014), o diretor francês Samuel Theis está de volta aos cinemas com o sensível drama Softie (2021). Indicado ao Queer Palm em Cannes, o filme acompanha os conflitos de um garoto cheio de sonhos e potencialidades que tenta transcender o cotidiano medíocre de sua família disfuncional.

O pequeno protagonista Johnny é interpretado pelo ótimo Aliocha Reinert – indicado ao prêmio César de melhor ator promissor por sua interpretação no longa. Aos 10 anos, o adorável Johnny se destaca pela sagacidade e sensibilidade, além de também chamar a atenção por sua figura: com um rosto angelical e longos cabelos loiros, o menino apresenta uma imagem delicada.

Morando em um conjunto habitacional popular de uma pequena cidade francesa na fronteira com a Alemanha, Johnny observa as dificuldades pessoais de sua mãe (Melissa Olexa), que não tem estrutura emocional nem condições materiais para criar sozinha o garoto e seu casal de irmãos. enfrenta o criando sozinha. Já na escola, a chegada do novo professor Adamski (Antonie Reinartz), que vê no garoto um grande potencial, abre novas perspectivas para Johnny – nem sempre bem compreendidas ou elaboradas por sua jovem personalidade ainda em formação.

“O filme é, em grande parte, autobiográfico, embora eu tenha tomado mais liberdades do que em Party Girl. Softie se baseia na minha infância, mas com espaço para um pouco mais de ficção. Eu não queria estar tão ligado à realidade”, explica o realizador Samuel Theis, que assina o roteiro com Gaëlle Macé.

“Johnny vem de uma família desfavorecida, sofrendo de problemas estruturais e atenção. Adamski pode lhe dar as duas coisas. Ele abre, no garoto, as portas da sensibilidade, bem como da consciência de si mesmo. Não há apenas o surgimento da inteligência de Johnny, mas também a percepção de seu papel social”, completa o cineasta.

Pandora Filmes/Divulgação

Diferentemente de Party Girl, cujo elenco era formado por atores não profissionais, Theis combinou em Softie profissionais experientes com estreantes para, conforme disse, “criar um diálogo entre dois mundos”: “A questão da representação das classes trabalhadoras na tela é importante e, para mim, é difícil reconstituir esse ambiente específico com os atores. Eu sinto uma necessidade de filmar pessoas da região, com aqueles rostos, corpos e maneiras de falar, visando aumentar a visibilidade deles. No filme, os atores profissionais encarnam outra classe social. Achei divertido, numa meta dimensão, a interação em seus diferentes status”.

Para encontrar o ator perfeito para o protagonista, Theis conta que fez muitos testes na região de Lorraine até chegar no extraordinário Aliocha Reinert: “Eu queria um garoto com cabelo comprido, e de natureza delicada, já tocado por questões de sexualidade e de gênero. Aliocha apareceu. Ele tinha cabelo comprido, ele fazia balé. Contei aos pais dele o que acontece no filme, pois queria que ficasse claro. E, com muita sabedoria, eles me disseram que seria uma decisão de Aliocha. Ele pediu um tempo para pensar sobre isso, o que achei muito bonito. Ele me ligou alguns dias depois, dizendo que sentia que era capaz de fazer o personagem. Tomar essa decisão foi muito corajoso da parte dele”.

Evitando as simplificações e maniqueísmo, lançando um olhar compassivo para os personagens que não conseguem se integrar socialmente, Softie investe sua potência dramática na atuação carismática do ator mirim Aliocha Reinert, que expressa com tocante verossimilhança os sentimentos de confusão, medo e raiva do jovem protagonista ao encarar as adversidades da vida em família e na escola e o despertar da sexualidade.

Pandora Filmes/Divulgação

Softie: * * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Softie:

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