Mostra Horizontes Circenses promove o circo na Restinga

A mostra Horizontes Circenses apresenta uma competição de números de circo neste fim de semana, 6 e 7 de maio, a partir das 17h. Viabilizado por edital de descentralização do fundo municipal Fumproarte, o projeto visa promover o intercâmbio entre artistas e aproximar as linguagens circenses do público da Restinga, que acolhe o evento em uma lona instalada na rua Antônio Onofre da Silveira, 84.

Coordenadora e cocuradora da mostra, a jornalista e pesquisadora de artes cênicas Michele Rolim conta que a organização recebeu 30 inscrições, das quais foram selecionados 10 projetos, buscando representatividade em termos de modalidades – malabares, equilíbrio, aéreas, entre outras –, raça, gênero e território. “A Restinga é um bairro que produz cultura, queremos somar junto com esse território dando ênfase à linguagem circense”, afirma Rolim.

“A intenção é dar continuidade ao evento, visto que há uma lacuna na apresentação de números circenses em mostras e festivais no RS. A ideia é resgatar e dar protagonismo aos números de circo com duração de 3 a 15 minutos, criando um espaço exclusivo para eles, como acontece em festivais de São Paulo e Rio de Janeiro”, explica a coordenadora do evento.

Cocuradora da mostra, a bailarina e artista circense Consuelo Vallandro ressalta o papel das mostras competitivas para a formação de público e o desenvolvimento dos artistas: “A importância desse formato é, de um lado, o efeito de engajamento do público; de outro, o aprimoramento dos números artísticos dos concorrentes, que se esforçam para aperfeiçoar sua técnica e aprendem com os concorrentes”.

Vallandro destaca também o potencial de diálogo das manifestações circenses com outras linguagens artísticas como a dança e a capoeira, o que motivou o convite ao grupo de b-boys Restinga Crew e Acapoeira, ambos da Restinga, que se somam a integrantes do Circo Bonaldo entre os convidados. No final de semana seguinte (13 e 14 de maio), no mesmo local da mostra, serão realizadas oficinas introdutórias de circo ministradas pelos vencedores da competição.

“A ideia é plantar a semente do circo. Depois do fechamento do Circo Girassol, escola de circo social mais tradicional da cidade, na Bom Jesus, há poucas pessoas da periferia porto-alegrense praticando circo em comparação com o potencial dessa arte”, completa Vallandro.

Além de cachê prévio (700 reais), a mostra dá prêmios aos números que conquistarem o primeiro (2.500 reais), segundo (1.500 reais) e terceiro lugar (1.000 reais) da competição, que tem júri formado pelos artistas circenses Débora Rodrigues, Gabriel Martins e João Bachilli.

Confira a programação da mostra e as sinopses dos números:

Sábado, 6 de maio

Apresentação: Baby Gui, artista performático

Cotidiano Urbano, do Restinga Crew (convidado)
O espetáculo Cotidiano Urbano, vencedor do Prêmio Açorianos de Dança em 2022, conta um pouco da trajetória do grupo, através de algumas das principais coreografias criadas e apresentadas neste tempo. Em suas coreografias, o grupo retrata a realidade de vulnerabilidade social, lotação nos ônibus, arte de rua e, acima de tudo, da cultura hip hop na Restinga.

Zion Tricks, de ThonyLabar (Anthony Felipe da Silva)
Uma experiência performática de truques de malabares com bolas e movimentos acrobáticos, em que o malabarismo se mescla com a manipulação do corpo do próprio artista. 

Uma Trapalhada no Trapézio, de Deise Kellermann Ferreira
Número cômico de trapézio, onde uma trapezista meio atrapalhada entra em cena, se arruma e, entre alguns tropeços, medos e pequenas pausas para descanso, faz seu número entre erros, acertos e “consertos” de algumas acrobacias.

DiabolozaFio, de Rafael Alves Gomes
Da inquietude e solitude vivenciada na pandemia surge a busca por um norte, um desejo ardente por autoaprovação e procura de novos limites a serem alcançados. Assim surge a performance DiabolozaFio, com a proposta de explorar o conflito entre desafio e concentração. 

Flogístico, de Joaquin Vivas
Roda Cyr de fogo com faquirismo.

Força Capilar, de Vanessa Bonaldo (convidada)
Vanessa Bonaldo faz suas acrobacias suspensa pelos cabelos.

Circo Strongman, de Carlo Goidanich

Domingo, 7 de maio

Jogando com o Equilíbrio, de Psico (Alfredo Bermudez)
O número mistura técnicas de parada de mãos com movimentos de capoeira. O jogo vai acontecendo em uma crescente, assim como as interações com o objeto.

Giros e Voltas, de Julia Emerim
História é a ciência que estuda as ações humanas ao longo do tempo. Significa “pesquisa”, “conhecimento advindo da investigação”. Esse número foi inspirado nesse conceito, buscando explorar as possibilidades com uma movimentação transitando pelos acontecimentos da vida.

Delírio Bambolístico, de Vicpster
O número resulta de uma pesquisa de quatro anos com bambolês. A apresentação conta com giros, jogos e manipulação com bambolês, performance e dança.

Cyrculo, da Dupla Gomesninow (Carina Ninow e Gabriel Gomes)
Um jogo entre os artistas e sua relação com um equipamento de equilíbrio, a roda Cyr, criando um clima de suspense para o espectador.

Capoeira, de Acapoeira (convidado)
O grupo Acapoeira, criado há mais de 20 anos, vem trabalhando na divulgação e preservação da arte capoeira enquanto patrimônio cultural e imaterial. Tem como fundador o Mestre Capixaba, do Espírito Santo, e Mestre Gororoba como coordenador no RS.

Sebástian, o Grande Trapezista, de Sebástian (convidado)
Aos 67 anos, Sebástian (Primo) é considerado pela crítica circense um dos melhores trapezistas do Brasil.

Tecido Acrobático, de Leandro Gugeler