Artigos | Marcelo Carneiro da Cunha | Série

Devagar com o Andor

Change Size Text
Devagar com o Andor Disney+/Divulgação

Mil perdões pelo trocadilho, mas resistir, quem há de? Andor é a mais nova série do ecossistema Star Wars, produzida para o streaming Disney+, na sequência dos sucessos de Mandalorian e Boba Fett. No resultado, eu colocaria Andor no meio das duas, sem o brilho de Mandalorian ou a pouca graça de boa parte de Boba Fett.

De qualquer jeito que se olhe, qualquer dessas três séries é melhor do que qualquer filme de Star Wars, exceção ao glorioso primeiro filme que deu origem a tudo, num momento em que baixou Steven Spielberg no George Lucas. Foi ali, e nunca mais.

Mandalorian foi o grande achado, e mostrou que havia muitos dólares para serem minerados no universo Star Wars. Particularmente, eu acho Mandalorian o melhor western das últimas décadas, indo além do que sugeria a queridíssima série Firefly, que por azar surgiu cedo demais, antes de o streaming resolver o mundo. Firely era a união do mundo espacial com o western, com o psicodelismo, e se você ainda não viu, ache um jeito. Depois dela, veio Mandalorian por um lado e The Expanse por outro, jeitos novos de explorar o espaço galáctico como cenário para as intermináveis questões humanas.

Andor é mais um movimento de exploração do universo dos seriados de aventuras, que nos trouxe pérolas como Indiana Jones. O aventureiro meio bandido, meio mocinho, transformado em herói por circunstancias além do seu controle, não é exatamente novidade, nem é pra ser.

Andor não quer inovar, quer distrair. Funciona. Os personagens podem ser encantadores o suficiente pra você querer ir em frente, e os diálogos são o ponto forte, e são bons mesmo. Falas inteligentes sempre ajudam, e como ajudam.

Basicamente, Andor acontece quando inicia a Rebelião contra o malvado Império que vai nos dar Luke Skywalker e a princesinha Leia bem lá adiante. Andor nos mostra o desconforto que o Império causa e como os diferentes rebeldes começam a se unir para enfrentar a opressão imperial, sendo, portanto, uma história da luta eterna entre o bem e o mal. Até aí, estamos dentro.

Se existe um problema, é que o time inteiro de roteiristas deve ter sido vítima de um asteroide num dos episódios iniciais, e à medida em que avança, a história parece mais e mais ter sido criada por algum roteirista de novela da Globo. Não que se espere muita plausibilidade de aventuras espaciais, mas pelo menos é de bom tom que as coisas aconteçam mais ou menos dentro de uma lógica, qualquer lógica. No episódio 12, finale da temporada, o enredo é mais ou menos como o de uma escola de samba sem tempo pra praticar.

Mas isso são detalhes, e o amigo espectador, a amiga espectadora podem curtir numa boa. Aventura com mocinhos e bandidos, com fugas espetaculares, robozinhos dotados de empatia humana, bravas mocinhas dispostas a tudo, e ainda por cima o Diego Luna como Andor, quem não vai ver e gostar?

Veja, e goste. Fica a dica.

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?