Artigos | Marcelo Carneiro da Cunha

Maravilhosa Senhora Maisel 4

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Maravilhosa Senhora Maisel 4 Amazon Prime Video/Divulgação

Entre as melhores coisas que o mundo streaming já viu está Maravilhosa Senhora Maisel, provavelmente a melhor série da Amazon Prime Video. Quem não acreditar, veja.

Desde o início, Mrs. Maisel se impôs pelo humor escorchante dos sets de stand up da nossa maravilhosamente judaica e divorciada comediante Midge Maisel. Não é fácil criar stand up de alto nível, e não é fácil fazer humor tão bom, por tantas temporadas. Não é fácil ser mulher, é o que nos afirma Mrs. Maisel, que resolveu praticar a arte de ser mulher nos anos 1950, mesmo que na maravilhosa Nova York que a série mostra. Não é fácil ser mulher divorciada, mãe de duas crianças e atolada nas convenções dos judeus nova-iorquinos da sua classe social.

Pra quem aprecia arte em estado bruto, os episódios em que a família de Midge – pai, mãe e mesmo o ex-marido – passam em um acampamento de verão no Estado de Nova York são antológicos. Acho que eles acontecem na segunda temporada. Na dúvida, veja todas.

Pois agora Mrs. Maisel, após sofrer um final terrível de terceira temporada, vendo os seus sonhos despedaçados por um mal entendido, ou um quase bem entendido, tenta se recuperar do jeito que dá. Mrs. Maisel agora quer criar os seus espaços, já que o show business no seu modelo da época se fecha para ela. Midge, de alguma maneira, vai praticar a sua arte em um teatro de strip-tease, o que não deixa de ser poético. O humor de Midge funciona mesmo quando ela fala dela mesma e se desnuda, mesmo que mantendo o vestido no lugar, ao contrário das colegas de espetáculo.

Seu eterno quase namorado, o grande comediante Lenny Bruce, aparece, o ex-marido aparece, sempre, e a vida de Midge se reconfigura, enquanto os anos 1960 surgem e a envolvem.

The Marvelous Mrs. Maisel é um exemplo muito bem acabado do que uma série de alto nível pode ser. Direção de arte impecável, atores inacreditáveis, texto ágil (talvez demais, e uma das poucas coisas que eu mudaria na série) e humor, humor, humor, que nos Estados Unidos, sempre, sempre, sempre foi e é judaico.

Eu vejo com alguma coisa doce num copo me acompanhando. Um licor, e eu recomendaria um Bénédictine. Doce, mas no ponto certo, inebriante, mas nem tanto assim.

Vejam como acharem melhor, mas vejam. Às quartas-feiras, no Amazon Prime Video. Fica a dica.

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