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Projeto Memórias Negras em Verbetes resgata a história da comunidade negra de Porto Alegre

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Projeto Memórias Negras em Verbetes resgata a história da comunidade negra de Porto Alegre Maria Lídia Magliani. Arte: Juliana Bittencourt


Em formato de podcast e site, a iniciativa registra uma lista de itens que compõem o patrimônio cultural negro da capital gaúcha

Desenvolvido por pesquisadores e entidades do movimento negro de Porto Alegre, o projeto Memórias Negras em Verbetes busca realizar uma dicionarização das referências históricas da comunidade através de um site e um podcast. A série em áudio conta com cinco episódios, que estarão disponíveis a partir de 6 de julho, quinta-feira, às 21h, durante a estreia do programa Quilombo, da Rádio FM Cultura (107,7).

Em um ano de pesquisa, a equipe do projeto e diversas instituições, como o Angola Janga e a Associação Negra de Cultura, organizaram uma lista com 50 referências. O inventário reúne personagens incluindo o Príncipe Custódio, Oliveira Silveira e a artista Maria Lídia Magliani, e também lugares de ocupação negra, como a Esquina Democrática ou Esquina do Zaire, a Praça da Alfândega e o Mercado Público. A lista também abrange instituições como o Clube Floresta Aurora, a Irmandade do Rosário e as associações Satélite e Prontidão, além de territórios negros, como é o caso da Ilhota, o Mont Serrat e a Colônia Africana.

As informações detalhadas sobre cada item pesquisado estão sendo reunidas no site do projeto, ainda em construção, e no podcast que apresenta este universo de representação e comprovação da importância da comunidade negra na história de Porto Alegre.

Resgate e registro da memória negra

O primeiro episódio do podcast Memórias Negras em Verbetes trata dos territórios ocupados pelos negros na cidade, abordando as disparidades no tratamento dos espaços concedidos para homenagear os imigrantes italianos e alemães e os afrodescendentes. No episódio de estreia, o projeto busca demonstrar que a gentrificação vivenciada ao longo do processo de desenvolvimento da Capital foi jogando a comunidade negra para a periferia, suplantando antigos territórios ou bairros negros sempre em nome de uma “modernização”.

Daniele Vieira, professora de geografia e integrante da equipe de pesquisa do projeto, ressalta diversos momentos em que alterações urbanas resultaram no afastamento de comunidades negras para as periferias. Esses episódios se repetem desde o século XIX, como por exemplo nas remodelações implementadas para acabar com os chamados “becos”, lugar das populações mais pobres, majoritariamente de negros.

Para além de abordar esse longo processo de gentrificação, o episódio concentra-se também nas experiências positivas e de resistência no povo negro em Porto Alegre, destacando suas ações contra essa segregação socioespacial e a busca constante pela inserção em seus espaços de origem, como as experiências dos Quilombos urbanos.

O segundo episódio do podcast vai ao ar na FM Cultura no dia 13 de julho e trata da memória e do apagamento da presença negra como uma das populações construtoras da cidade, demonstrando que desde os primórdios de Porto Alegre, a presença negra, de origem africana, já estava consolidada e estabelecida.

A série de podcast Memórias Negras em Verbetes tem direção e roteiro de Liliana Sulzbach e produção, edição e montagem da Rádio Mínima. O projeto tem também o apoio do Grupo Matinal Jornalismo. O site será entregue em evento de lançamento e finalização da primeira fase do projeto no dia 26 de julho. A partir de então estará aberto à consulta pública.

O Memórias Negras – Inventário Participativo de Referências Espaciais, Sociais e Simbólicas foi financiado com recursos do Pró-cultura RS, da Secretaria de Estado da Cultura do RS – SEDAC – através do Edital de Patrimônio Cultural do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).

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