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Economia criativa representou 3,11% do PIB em 2020, segundo Observatório Itaú Cultural

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Economia criativa representou 3,11% do PIB em 2020, segundo Observatório Itaú Cultural Bruno Poletti/Divulgação

Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, e Leandro Valiati, pesquisador da Universidade de Manchester e da Queen Mary University, no Reino Unido, apresentaram na tarde desta segunda-feira (10/4) uma plataforma inédita de mensuração do PIB (Produto Interno Bruto) da Economia da Cultura e Indústrias Criativas (ECIC) no Brasil, de acordo com o Observatório Itaú Cultural. Entre os dados e análises compartilhados na coletiva de imprensa no Itaú Cultural, em São Paulo, está a revelação de que o segmento respondeu por 3,11% das riquezas geradas no país em 2020 – o que equivale a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados pela economia no período.

Para se ter uma ideia da magnitude da participação, em 2020 o setor automotivo respondeu por 2,1% do PIB, segundo o IBGE – um ponto percentual a menos que a cultura e as indústrias criativas no mesmo intervalo. De acordo com os dados do PIB do Observatório Itaú Cultural, em 2020 existiam mais de 130 mil empresas de cultura e indústrias criativas em atividade no país.

Confira a plataforma do PIB do Observatório Itaú Cultural aqui.

Segundo o boletim de mercado de trabalho do Observatório Itaú Cultural, a cultura e a economia criativa responderam por 7,4 milhões dos empregos formais e informais no Brasil em 2022 (dados do quarto trimestre), o que equivale a 7% do total dos trabalhadores da economia brasileira. O número é 4% maior que o verificado em 2021 – só no ano passado, a cultura e a economia criativa geraram 308,7 mil novos postos de trabalho no país. 

O PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas do Observatório Itaú Cultural foi elaborado principalmente a partir do critério de renda, o que engloba massa salarial, massa de lucros e outros rendimentos auferidos por empresas e indivíduos no país. A metodologia foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores liderado pelo economista Leandro Valiati.

“As políticas públicas de cultura necessitam de um ecossistema para poderem reverberar e ter permanência. Essa mensuração produz conhecimento e uma narrativa a partir de evidências e dados de institutos como IBGE”, explicou Valiati, que também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Para determinação do PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas foram utilizados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADc/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU) para contabilização dos impostos e o histórico de prestação de contas da Lei Rouanet

Como algumas bases de dados não foram totalmente atualizadas em relação a 2021 e 2022, o primeiro levantamento do PIB da cultura do Observatório Itaú Cultural só conseguiu determinar o valor da geração de riquezas produzido da cultura e indústrias criativas até 2020. O Observatório do Itaú Cultural seguirá atualizando a plataforma e aprimorando os indicadores.  

Para a formulação do modelo foram considerados como indústrias criativas os segmentos de moda, atividades artesanais, indústria editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio.  

O primeiro levantamento do Observatório Itaú Cultural com a metodologia mostra que o PIB da Economia da Cultura e Indústrias Criativas (ECIC) vem crescendo de forma mais acelerada que o total da geração de riquezas no país nos últimos anos. De 2012 a 2020, o PIB dos segmentos criativos, em números absolutos, experimentou crescimento de 78%, enquanto a economia total do país avançou 55%. A participação do PIB da ECIC era de 2,72% em 2012, saltando para 3,11% em 2020.  

Segundo Eduardo Saron, “a nova plataforma traz a real dimensão da contribuição da cultura e das indústrias criativas para o desenvolvimento econômico do Brasil”.  Segundo o presidente da Fundação Itaú, o novo modelo traz dados confiáveis para orientar corretamente as políticas públicas: “Agora temos um indicador para nortear o debate. A economia da cultura e das indústrias criativas são fundamentais para a geração de emprego e renda no país”. 

Eduardo Saron. Foto: Bruno Poletti/Divulgação

“A construção do indicador foi um processo longo e bastante cuidadoso e envolveu consultas a especialistas no Brasil e no exterior”, informou Valiati. “Fizemos pesquisas qualitativas com pesquisadores nacionais, oficinas com pesquisadores internacionais, verificamos especificidades da economia brasileira e tendências internacionais para chegar ao indicador, que é comparável internacionalmente”, observa o pesquisador, acrescentando que o trabalho envolveu quatro pesquisadores estrangeiros e 30 brasileiros que são referência no tema. 

De acordo com o Observatório do Itaú Cultural, a participação do PIB dos segmentos no país é maior do que o verificado na África do Sul (2,9%), Rússia (2,4%) e México (2,9%), para dar alguns exemplos internacionais. Questionado pelo site se seria possível antecipar tendências e diagnósticos a partir das atuais informações a respeito de como o setor se comportou no período de 2021 a 2022, mesmo que esses dados ainda não estejam consolidados, Valiati ponderou: “A questão agora é saber se as políticas e iniciativas públicas culturais, como a Lei Aldir Blanc, conseguiram recuperar as perdas sofridas pela área nesse período”.

Leandro Valiati. Foto: Bruno Poletti/Divulgação

Plataforma do PIB do Observatório Itaú Cultural

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