Cultura | Notas

Estudo aponta 123 mil novos postos de trabalho na economia criativa, mas revela desigualdade por raça e gênero

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Estudo aponta 123 mil novos postos de trabalho na economia criativa, mas revela desigualdade por raça e gênero Foto: Freepik

Realizado pelo Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, da Fundação Itaú, um levantamento sobre o emprego da economia da cultura e indústrias criativas mostrou que o segmento fechou o 1º trimestre de 2023 com 7,2 milhões de trabalhadores em atividade, 123 mil a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. A pesquisa também apontou que o setor ainda apresenta desigualdades, tanto em termos de gênero quanto de raça, com salários mais baixos para mulheres e trabalhadores negros.

A pesquisa foi realizada com base na PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – confira o levantamento completo aqui. O campo da economia criativa monitorado pelo Observatório engloba os segmentos de moda, atividades artesanais, editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio.  

O segmento da cultura e indústrias criativas seguiu a tendência da economia como um todo, que apresentou crescimento de 3% no número de postos de trabalho nos 12 meses encerrados em março de 2023.

O levantamento aponta, entretanto, que o número de postos de trabalho da economia criativa caiu no comparativo com o 4º trimestre de 2022, registrando perda de 291 mil postos neste intervalo de análise. A redução, neste caso, é atribuída a efeitos de sazonalidade. Segundo o Painel de Dados, o primeiro trimestre apresenta, historicamente, uma movimentação menor para as indústrias criativas. 

No comparativo anual, nota-se um crescimento líquido de vagas para o segmento. Essa tendência também pode ser observada para o agregado da economia brasileira, com a criação de cerca de 2,5 milhões de postos de trabalho no comparativo do primeiro trimestre de 2022 com o de 2023.

Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural 2023

“Os dados mostram a relevância da indústria criativa para a geração de emprego e renda no país”, diz Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.

Os trabalhadores da economia criativa mais impactados pelo crescimento de vagas foram os do segmento de tecnologia, que registrou crescimento de 17% entre o 1º trimestre de 2023 e igual período do ano anterior. O número de postos para trabalhadores especializados da cultura também teve forte crescimento, com a abertura de 59 mil novas vagas, representando um aumento de 8%.

Já o segmento da indústria criativa voltada para consumo registrou retração de 8% nos postos de trabalho, com fechamento de 50 mil vagas. Trabalhadores de atividades criativas incorporados por outros setores da economia também assistiram a um encolhimento de 1% da oferta, com fechamento de 20 mil vagas. Já trabalhadores de apoio de empresas da cultura e de indústrias criativas, por sua vez, foram impactados com abertura de 27 mil vagas, com aumento de 1% no período analisado.

Desigualdade de gênero e racial em números

O levantamento também mostrou que os trabalhadores autodeclarados brancos são maioria no segmento – chegando a 57%. Os trabalhadores pretos somam apenas 9% do total dos alocados, contra 8% verificados no mesmo período do ano anterior. Os pardos somam 33% e 2% constituem outros grupos, como asiáticos e indígenas.

Leia também: Desigualdade racial e de gênero afeta emprego e renda na economia criativa, aponta estudo

A taxa de homens e mulheres não registrou alteração no período analisado. Na cultura e indústrias criativas 46% dos trabalhadores são mulheres e 54% são homens.

Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural 2023

Em relação às médias salariais, as trabalhadoras recebem menos do que os trabalhadores em todos os grupos raciais analisados. Já os brancos de ambos os gêneros recebem mais do que os trabalhadores pardos e pretos. Os homens pretos ou pardos ganham cerca de 40% a menos que os homens branco da economia criativa, e as mulheres pardas recebem cerca de 44% a menos que mulheres brancas.

Em média, os homens brancos recebem R$ 3,8 mil, enquanto os homens pretos e pardos recebem cerca de R$ 2,2 mil. No caso das mulheres brancas, a média salarial é de R$ 2,9 mil, enquanto as mulheres pretas e pardas recebem aproximadamente R$ 1,8 mil.

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