Performance | Reportagens

Festival Plurais: arte, gênero e sexualidade em videoperformances

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Festival Plurais: arte, gênero e sexualidade em videoperformances Reprodução: "Mulher Porca", de Maiara Cemin

Viabilizado pela Lei Aldir Blanc, o festival Plurais promove bate-papos e exibe videoperformances de hoje (15) a domingo (18/7), sempre às 20h. Idealizado pelo ator e dramaturgo Daniel Colin, o evento online é resultado do workshop Arte, Gênero & Sexualidade, realizado entre maio e junho, com 40 participantes, dos quais 21 apresentam seus trabalhos neste fim de semana. “São olhares muito diferentes de pessoas que aceitam assumir o protagonismo de suas histórias, com suas estéticas, éticas e políticas. Os trabalhos falam sobre religião, masculinidades, feminilidades, família, memória, ancestralidades, cotidianos e violências”, descreve Colin.

A atriz Ketelin Abbady apresenta Quiboldobom na mostra e destaca o papel da oficina para exercitar sua expressão: “A palavra exposição foi a que mais me perseguiu durante essa vivência. Precisava expor o que quer que fosse que estava tentando esconder – meu corpo, meus medos, minhas forças e o mais difícil de tudo, minha palavra”. O ator e professor Julio Zaicoski exibe Sede, que aborda a LGBTfobia: “Participar do workshop foi uma experiência de encontro entre corpos dissidentes plurais, um lugar de escuta de narrativas, mais do que tudo, de autoescuta. Foi uma oportunidade de juntar alguns cacos perdidos em mim e de encontrar outros que eu nem sabia da existência”.

A atriz e professora Maiara Cemin, que apresenta o vídeo Mulher Porca, conta que sua participação no festival “surgiu de desconfortos e revoltas por ser mulher num país sexista e misógino, que atualmente tem esses valores legitimados por quem está no poder”. Ator e poeta, Jackson Reis exibe a videoperformance Anjo. “O vídeo traz à tona um debate muito importante e ainda pouco explorado que é a sexualidade da pessoa com deficiência, a vivência dos corpos a quem muitas vezes são negados tantos direitos, inclusive ao afeto e ao sexo, e por isso vivem numa espécie de limbo, um não lugar entre o estranhamento, a piedade e o fetiche – que eu acredito ser uma questão em comum entre as várias vivências retratadas nas performances”, conta o artista.

As videoperformances serão transmitidas pelo YouTube seguidas de bate-papos com a participação de Alexandre Azevedo, Carla Cassapo, Maiara Cemin e Gabriel Bittencourt.

Nos dois dias que antecedem a programação, duas lives debatem as temáticas centrais do festival, ambas com mediação de Colin. Hoje à noite (15/7), os artistas Jeff Ghenes e Phill Coutinho são os convidados para uma conversa sobre as intersecções entre as artes do corpo no Brasil e as discussões de raça, gênero e sexualidade. Na sexta (16/7), a bailarina Juliana Kersting e a pesquisadora Simone Ávila falam sobre políticas públicas em conexão com demandas de gênero e sexualidade.

O festival marca o encerramento do projeto “Decolonizando práticas cênicas: processos formativos em artes, gêneros e sexualidades no Rio Grande do Sul”, desenvolvido por Colin.

Programação

15/07 (quinta), 20h
Live de bate-papo acerca das intersecções entre as artes do corpo no Brasil e as discussões de raça, gênero e sexualidade.
Mediação: Daniel Colin
Convidades especiais: Jeff Ghenes e Phill Coutinho

16/07 (sexta), 20h
Live de bate-papo sobre políticas públicas em conexão com demandas de gênero e sexualidade em nossa sociedade.
Mediação: Daniel Colin
Convidadas especiais: Juliana Kersting e Simone Ávila

17/07 (sábado), às 20h
Exibição de videoperformances seguidas de bate-papo:

Auto-“P”-seeyah, de Alexandre Azevedo; Como Eu Vim Parar Aqui, de Mariana Rizzo; M.Ã.E., de Fernanda Possamai; Ame, Sobreviva, Repita, de Flávio Guimarães; Receita, de Bruna Pavan; O João Freire chora (mas também ri), de João Freire; Tempo Solo Solo Tempo, de Taís Mattos; Anjo, de Jackson Reis; Paredes, de Lucas Tegner; Ovos Moles, de Carla Cassapo.

Dia 18/07 (domingo), às 20h

Exibição de videoperformances seguidas de bate-papo:
Mulher Porca, de Maiara Cemin; Sede, de Julio Zaicoski; O Avesso do Corpo-Caixa, de Clarissa Brittes; Dicotômica, de Sarah Baes; BRAZIU, de Pablo Abritta; Quiboldobom, de Ketelin Abbady; Naquele Lugar, de DIONNY; Não Consigo Ver Seus Ossos, de Eva Carpa; Fluidos, de Darlan Gebing; Eu Não Sei Costurar, Lembra?, de Gabriel Bittencourt.

Sinopses

Auto – “P” – seeyah (Porto Alegre/RS, 2021), de Alexandre Azevedo
Sinopse: Exame artístico sobre “o caminho” coberto por dores, anseios e prazeres de um corpo. Este que ainda fala, mas será que vive?

Como eu vim parar aqui (Novo Hamburgo/RS, 2021), de Mariana Rizzo
Sinopse: Como eu vim parar aqui, sobre meu corpo, minha personalidade, meu conhecimento e acima de tudo, minha vontade de viver de arte.

M.Ã.E. (Porto Alegre, 2021), de Fernanda Possamai
Sinopse: Um corpo contido dentro de um outro corpo é empurrado para o mundo. Um corpo mãe costura e descostura afetos e emoções em busca da redenção.

Ame, Sobreviva, Repita (Itaúna/MG, 2021), de Flavio de Mesquita Guimarães e Lorene Vilaça
Sinopse: O trabalho oprime, a fábrica ensurdece, a energia de milhares para criar a fortuna daqueles que nem se conhece. O carinho e o amor entre aqueles que de nada possuem. Momentos próximos, outros distantes, mas sempre repetindo o ciclo para ver a continuação da rotina constante.

Receita (Porto Alegre/RS, 2021), de Bruna Pavan
Sinopse: A performance busca trazer um questionamento sobre os elementos que criam um corpo, externamente, e os que o fazem ser, a partir do que se sente e do que se faz sentir, compreendendo, ou não, a complexidade de ser o que se é.

O João Freire chora (mas também ri) (Rio de Janeiro/RJ, 2021), de João Freire
Sinopse: Em meio a tantas lágrimas, alguns afetos.

Tempo Solo Solo Tempo (Florianópolis/SC, 2021), de Taís Mattos
Sinopse: A solidão de uma mãe solo que vê o tempo passar por uma janela durante a pandemia, com todo o peso de compromissos de 4 vidas sobre suas costas…

Anjo (Gravataí/RS, 2021), de Jackson Reis
Sinopse: Um corpo com deficiência alvo de olhares de piedade e nunca de desejo. Torto, dissidente e não menos humano, no despertar da sexualidade, transitando entre o sagrado e o profano, no anseio por se libertar dos estigmas sociais.

Paredes (Canela/RS, 2021), de Lucas Tegner
Sinopse: Criada sob uma estética contemporânea a performance audiovisual propõe uma narrativa metafórica e extremamente leve a fala infantil sobre temas de violência sexual.

Ovos Moles (Porto Alegre, 2021), de Carla Cassapo
Sinopse: As primeiras feituras de ovos moles datam do século XV e remetem ao Mosteiro de Jesus, em Aveiro. Como todos os doces portugueses à base de ovos, a receita nasceu pelas mãos das freiras que, após o processo de engomar os seus hábitos com as claras, aproveitavam as sobras de gemas para preparar a tradicional iguaria. Se um dia tiver oportunidade, não deixe de experimentar!

18/07 (domingo), às 20h

Exibição de videoperformances seguidas de bate-papo:

Mulher Porca (Caxias do Sul/RS, 2021), de Maiara Cemin
Sinopse: Uma porca-mulher, fala sobre sua vida de trabalhadora, no circo do palhaço.

Sede (Porto Alegre/RS, 2021), de Julio Zaicoski
Sinopse: Um corpo rotulado move-se, busca espaços e alimenta-se.

O Avesso do Corpo-Caixa (Imbé/RS, 2021), de Clarissa Brittes e Bino Mallmanc
Sinopse: Quantos corpos-caixa cabem no avesso do corpo? Energias que co-habitam em todxs e que representam aspectos da natureza e do cosmos, se atravessam em experiências de vida e geram seres genuínxs. O que me cabe e onde me caibo se me viro do avesso?

Dicotômica (Porto Alegre/RS, 2021), de Sarah Baes
Sinopse: O que faz alguém digno de afeto?

BRAZIU (Juiz de Fora/MG, 2021), de Pablo Abritta
Sinopse: Corpos se afogam na esperança que as mudanças venham. E a rosa branca no jardim sustenta. Corpos brigam pela extinção de uma política nefasta, cruel e atemporal. E a rosa branca no jardim continua intacta.

QUIBOLDOBOM (Porto Alegre/RS 2021), de Ketelin Abbady
Sinopse: Certa vez um pé de boldo me contou uma história…

Naquele Lugar (Caxias do Sul/RS, 2021), de DIONNY
Sinopse: A performance propõe uma reflexão e traz questionamentos sobre o ideal de corpos masculinos dentro da igreja evangélica. Trazendo experiências vividas pelo próprio ator, o mesmo conduz uma visita por esse corpo e mente que, por um tempo, se viram presos dentro destes ideais.

Não consigo ver seus ossos (Porto Alegre/RS, 2021), de Eva Carpa
Sinopse: Fani Pacheco engordou. Eva queria uma maçã vermelha. É preciso sustentar uma costela de Adão. De laço em laço não reconheço mais meu corpo no espelho.

Fluidos (Caxias do Sul/RS, 2021), de Darlan Gebing
Sinopse: Me encontro no limbo das invenções, aqui é permitido criar um novo corpo, renovar a maquiagem, apagar a foto 3×4 da identidade forjada. Crio e caio na minha falsa ilusão de ter encontrado um espaço pra mim. Em tantos desencontros eu acabo criando uma existência que é só minha.

Eu não sei costurar, lembra? (Juiz de Fora/MG, 2021), de Gabriel Bittencourt
Sinopse: Quantas histórias da sua família já foram perdidas? Lembra de suas raízes? Nós carregamos vibrações de nossos ancestrais em nossa pele. É sempre necessário levar essas lembranças aos nossos. Me construo, reconstruo e me costuro todos os dias.

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